Foto: Divulgação
Um primo e um sobrinho do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) representam o empreendimento La Vue junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O prédio, cuja construção foi embargada na última sexta-feira (18), está na berlinda após ter sido pivô do pedido de demissão do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que acusa Geddel de tê-lo pressionado para atuar por um parecer favorável do prédio junto ao Iphan. Como argumento, Geddel teria afirmado que tinha um apartamento no local. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, em um documento anexado ao processo administrativo que tramitou junto ao Iphan, a Porto Ladeira da Barra Empreendimento, responsável pelo La Vue, nomeou como procuradores os advogados Igor Andrade Costa, Jayme Vieira Lima Filho e o estagiário Afrísio Vieira Lima Neto. Jayme é primo de Geddel e sócio dele no restaurante Al Mare, em Salvador. Afrísio é filho do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel. A procuração data de 17 de maio de 2016, cinco dias após a posse de Geddel como ministro. O documento não tem prazo de validade. Semanas antes, ainda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o Iphan havia embargado a obra por avaliar que o prédio afetaria monumentos tombados da região como o Forte de São Diogo e a Igreja de Santo Antônio da Barra. A procuração permite aos advogados e ao estagiário "representar o outorgante [o empreendimento La Vue], conjunta ou separadamente, perante o Iphan", com poderes para "interpor recursos perante qualquer juízo, instância ou tribunal". Também assina o advogado Igor Andrade Costa, que é sócio de Jayme em um escritório de advocacia. Costa também é signatário como representante legal do empreendimento na ata de constituição do condomínio do La Vue, que foi registrada em cartório de imóveis de Salvador. A procuração que colocou os familiares de Geddel como representantes do La Vue junto ao Iphan foi assinada após o peemedebista ter adquirido o apartamento.Segundo Costa, ele foi o único advogado da Vieira Lima Filho Associados a atuar no processo junto ao Iphan e os nomes do primo e do sobrinho de Geddel estão na procuração porque, "segundo o Código de Processo Civil, todos precisam ser listados no processo". Ele nega que Geddel tenha interferido no processo. "Geddel nunca interferiu neste caso. Eu não o conheço, nem sabia que ele tinha um imóvel no prédio porque eu não cuido dessa parte, só do contencioso", declarou. Em entrevista, o ministro afirmou que assinou um contrato de compra e venda de um imóvel no empreendimento em 2015. Ainda segundo Folha, a empresa Upside Empreendimentos, que tem entre os sócios uma prima de Geddel, Fernanda Vieira Lima Paolilo, é proprietária do apartamento 1101 do prédio. O edifício La Vue tem 23 apartamentos, 30 pavimentos. Cada unidade chega a valer R$ 2,6 milhões. BN
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