Aos 69 anos, o professor aposentado Luiz Wanderlei presta o Enem pela primeira vez. Morando em Rondônia há 32 anos, o educador é formado em matemática, pedagogia e tem pós graduação em supervisão escolar e monitor. Cursando o terceiro período de fisioterapia, Luiz conta que resolveu fazer o Enem para resgatar as lembranças da juventude e "matar" a saudade da sala de aula.
"Estou revivendo meus 18 anos. Passar por essa adrenalina que é legal, ter esse nervoso. Eu também estou nervoso porque eu não sei o que está me esperando e peço a Deus que me ampare e boa sorte", fala.O candidato mora em Candeias do Jamari (RO), a 25 quilômetros de Porto Velho, e explica que um dos motivos principais para fazer a prova neste fim de semana é adquirir conhecimento e repassar o que cai para alunos que não tenham condições.
"Eu me vi na obrigação de adquirir o conhecimento desse material para repassar para os meninos que não possuem condições de fazer um cursinho pro Enem. Quero ensiná-los", conta Luiz, que fez a prova do Enem na Escola Rio Branco, em Porto Velho.
Há 45 anos em sala de aula como professor, após a morte da esposa, Luiz voltou a estudar para não entrar em depressão. Conforme o professor e aluno, o melhor caminho que encontrou foi iniciar um novo curso.
"O único caminho era eu voltar pra univesidade, porque lá eu converso com todo mundo. Se ficasse em casa nao ia ajudar em nada. Hoje estou no terceiro período de fisioterapia e o Enem veio como nostalgia e resgatou boas lembranças da juventude. O Enem é semelhante aos vestibulares da minha época de jovem, era muito competido, mas a glória de passar é inexplicável", diz.
O carioca Luiz relembrou a trajetória de vida em Rondônia. Ele conta que trabalhou em oito escolas da capital por mais de 20 anos e sonha em lecionar para jovens de baixa renda da cidade onde mora, mas garante que não consegue fazer isso sozinho , porém, "se houver um incentivo garanto ensiná-los com muito amor", desabafa.
"Vim pra Rondônia nos anos 80, quando aqui era conhecido como 'O novo Eldorado', mas logo fiquei sem dinheiro. Conheci um homem que hoje é um grande amigo e ganhei abrigo. Como já era formado, comecei a dar alas e aprendi a amar essa terra", relembra.
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