Do UOL, em São Paulo
Alexandre Cassiano/Agência O Globo
O ex-governador Anthony Garotinho causou tumulto na noite desta quinta-feira (17) ao tentar resistir a deixar o hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, onde estava internado após após ter sido preso na quarta. Por ordem do juiz Glaucenir Silva de Oliveira, do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro), ele oi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, onde deverá ficar na unidade de Bangu 8, para presos com nível superior.
A Polícia Federal (PF) foi acionada pela Justiça de Campos dos Goytacazes para fazer a transferência de Garotinho, o que só ocorreu às 22h45. Ele saiu amparado pelos bombeiros do Samu, mas recusou-se a entrar na ambulância, levantando-se por duas vezes da maca onde estava, precisando ser contido pelos profissionais de saúde. A família queria impedir sua transferência, alegando que a unidade de saúde do presídio não tem condições para tratar o ex-governador, que estaria com problemas cardíacos.
A mulher do político, a ex-governadora e atual prefeita de Campos Rosinha Garotinho, quase desmaiou por duas vezes, precisando ser amparada por assessores. Ela gritava "Meu marido não é bandido" e tentava acompanhar o marido dentro da ambulância. A filha do casal, a deputada federal Clarissa Garotinho (PR-RJ), chorava muito, precisando ser acalmada por amigos e parentes. Para ela, a unidade de saúde do presídio não tem condições de atender a seu pai, pois não teria unidade coronariana.
A ordem para levar Garotinho foi dada pelo juiz eleitoral Glaucenir Silva de Oliveira, da 100ª Zona Eleitoral de Campos. O juiz alegou que o ex-governador estaria tendo regalias e determinou sua imediata transferência para o presídio.
"Mostra-se imperioso fazer cessar quaisquer regalias que o réu, ora custodiado, possa estar recebendo, assim como em atenção à sua suposta situação inadequada de saúde, determino sua imediata transferência para o Complexo Penitenciário de Bangu - Presídio Frederico Marques, onde poderá receber assistência médica. Esclareço que o referido complexo penitenciário é provido de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento)", escreveu o magistrado em sua decisão.
Para o advogado de Garotinho, Fernando Augusto Fernandes, "é lastimável um juiz ultrapassar protocolos médicos e usar a força para retirar um paciente de um hospital." Fernandes afirmou também que "jamais se viu decisão tão prepotente, arbitrária e desumana". Segundo o advogado, "os médicos não autorizaram a liberação de Anthony Garotinho e a Polícia Federal também os ameaçou de prisão". A Polícia Federal do Rio não atendeu aos telefonemas do UOL até o fechamento desta matéria.
Entenda a prisão
O mesmo juiz Oliveira foi o responsável por determinar a prisão de Garotinho após pedido do Ministério Público Eleitoral. O ex-governador é acusado de envolvimento em um esquema de compra de votos por meio do programa Cheque Cidadão, da prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ). Segundo Oliveira, comandava com "mão de ferro" um "verdadeiro esquema de corrupção eleitoral" na cidade.
Campos, no Norte Fluminense, é reduto eleitoral da família Garotinho. A prefeita da cidade é Rosinha Matheus, mulher do ex-governador, que por sua vez é secretário municipal.
Em nota, a defesa de Garotinho classificou a prisão de "arbitrária e ilegal".
Também nesta quinta (17), a defesa de Garotinho afirmou que entrou com um novo pedido de habeas corpus no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) depois que o TRE-RJ negou liminar pela soltura do ex-governador. A ministra Luciana Lóssio, do TSE, havia extinguido outra liminar pedida na quarta pela defesa, justamente porque ainda havia uma liminar ainda não julgada pela corte eleitoral fluminense. Com a negativa do TRE-RJ, o TSE poderá analisar o pedido.
Cabral também foi enviado para Bangu
Caso a ordem seja cumprida, Garotinho será levado para o mesmo local onde o também ex-governador Sérgio Cabral está detido. Cabral foi alvo de dois mandados de prisão expedidos no âmbito da Operação Lava Jato. Ele é acusado de ter liderado um grupo de pessoas que recebiam propina de empreiteiras com contratos com o governo estadual. O esquema movimentou R$ 222 milhões, de acordo com o MPF (Ministério Público Federal). (Com informações da Agência Brasil)
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