Doença que afeta principalmente homens pode causar problemas no trato urinário e até infertilidade
Jornal do Brasil - Apesar de pouco conhecida, a estenose de uretra é uma doença relativamente comum, e atinge principalmente homens. A enfermidade provoca o estreitamento progressivo da uretra, órgão por onde a urina flui para fora da bexiga, e consequentemente leva à obstrução urinária. Além de causar transtornos urinários como fluxo fraco, esvaziamento incompleto, gotejamento, retenção urinária e infecções do trato urinário, a doença pode causar infertilidade, uma vez que pode haver ejaculação obstruída.
O problema ocorre mais comumente após os 55 anos. O aumento da incidência foi identificado entre serviços de atendimento médico nos Estados Unidos. Também foi observado no Medicare, sistema de seguros de saúde gerido pelo governo dos Estados Unidos, que o diagnóstico de estenose uretral foi responsável por 21 em cada 100 mil consultas ambulatoriais. Cerca da metade dos casos foi devido ao cálculo urinário.
O urologista André Guilherme Cavalcanti, especialista em cirurgia reconstrutora urogenital, explica que até pouco tempo, era muito comum a doença ser tratada com a dilatação uretral, um procedimento doloroso para o paciente e que requer várias sessões para obter um resultado satisfatório. Hoje, o mais indicado para os casos de estenose uretral é a cirurgia, procedimento com altas taxas de sucesso.
“Isso decorre da grande evolução das técnicas cirúrgicas e melhor conhecimento da doença. Apesar disso poucos especialistas estão habilitados para a realização do procedimento o que faz com que exista uma grande demanda de pacientes realizando procedimentos ineficazes quando poderiam ser tratados de forma definitiva com taxas de sucesso superiores a 80%. Por isso faz-se necessária uma melhor informação à população sobre a doença e as suas opções de tratamento”, explica o médico.
São diversas as causas para a ocorrência da doença, mas o urologista destaca a infecção (uretrite), principalmente as causadas por DSTs, como causa principal. “Mesmo após o tratamento adequado e cura da infecção o processo cicatricial da infecção pode causar fibroses e ocasionar a estenose”, afirma.
Retirada da próstata pode causar o problema
Outras causas: traumas no pênis, como a lesão uretral relacionada à fratura pélvica, lesões que podem ocorrer ao andar de bicicleta e em práticas esportivas; e o tratamento do câncer de próstata. Após a prostatectomia radical, retirada da próstata, a incidência da estenose pode variar entre 2,7 a 25,7%.
O maior risco de estenose uretral foi encontrado após a cirurgia aberta para retirada da próstata: 7,5%, versus a robótica, com 2,1%. “Os fatores relacionados à ocorrência do problema após a retirada da próstata são a cirurgia aberta, a recorrência de PSA aumentado, hematúria pós-operatória, vazamento urinário e retenção urinária”, explica Cavalcanti. Ainda assim, em cerca de 30% dos casos não há uma causa definida.
Alguns fatores aumentam o risco para o desenvolvimento do problema como o tabagismo, a diabetes mellitus e a insuficiência renal.
Uma das complicações da estenose é reter parte da urina na bexiga, esse resíduo pode causar infecções urinárias de repetição, prostatites (infecção na próstata), orquites (infecção dos testículos) e pielonefrites (infecção dos rins).
O especialista ressalta que qualquer sinal de que alguma coisa não está bem, o homem deve procurar um urologista de confiança para diagnóstico e tratamento corretos.
Apesar de rara a estenose de uretra feminina também pode ocorrer em geral associada à inflamação crônica de glândulas periuretrais.
O tratamento cirúrgico é realizado através de uma plástica na uretra para o restabelecimento do adequado calibre do órgão. Algumas vezes técnicas de transferência tecidual podem ser utilizadas sendo a mucosa oral a fonte de tecido mais comum.
“Muitos pacientes tratados durante anos com procedimentos repetidos, ineficazes e muitas vezes desconfortáveis podem ter seu problema completamente resolvido com uma correta indicação cirúrgica, melhorando em muito sua qualidade de vida”, afirma Cavalcanti.
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