Os cientistas descobriram que a Austrália se move para frente e para trás vários milímetros por ano, devido às mudanças no centro de massa da Terra.
Na verdade, é o centro de massa que se desloca a cada estação de ano, o que significa que todo o território australiano muda sua posição duas vezes por ano.
No início deste ano, os pesquisadores confirmaram que a Austrália se deslocou 1,5 metro ao norte nos últimos 22 anos devido a mudanças tectônicas, e o governo vai atualizar oficialmente a latitude e longitude do país para refletir o deslocamento.
Mas o novo estudo mostra que, além desse movimento gradual para o norte, o território se move ao longo do ano, devido às mudanças no centro de massa da Terra. O centro de massa é a posição que divide a massa do objeto ao meio, e na Terra, ele se encontra aproximadamente no centro do núcleo fundido do planeta, cerca de 6.000 quilômetros abaixo da superfície. Mas nem sempre ele está no mesmo lugar. Como a distribuição de água muda na superfície da Terra do verão ao inverno, o centro de massa do globo também muda alguns milímetros em direções diferentes.
Essa pequena mudança no centro de massa afeta todos os continentes muito pouco, mas devido à sua posição entre a Europa e o Oceano Pacífico, a Austrália se move mais.”A água migra a cada estação e esse movimento causa uma deformação bastante detectável e considerável na Austrália“. Disse o pesquisador Shin-Chan Han, da Universidade de Newcastle, Austrália.
Para descobrir o quanto a Austrália estava se movendo, Han e sua equipe monitoraram mudanças nas localizações de 14 estações terrestres de GPS em toda a Austrália, que podem captar mudanças de menos de um milímetro na posição da Terra. Eles então compararam seus resultados com dados de satélite sobre a atração gravitacional da Terra ao longo do ano, o que lhes permitiu mesurar onde a água estava em todo o planeta.⇔⇒
A equipe descobriu que durante todo o inverno no Norte – quando é verão na Austrália – a camada de neve no Hemisfério Norte aumenta seu peso o suficiente para mover o centro de massa da Terra alguns milímetros mais perto da Europa.
Isso faz com que o território australiano se desloque para o noroeste em cerca de um milímetro, e sua borda noroeste incline para baixo em 2 a 3 milímetros, enquanto a borda sudeste se levanta a mesma quantidade. Durante o verão do Hemisfério Norte, quando é inverno na Austrália, o oposto ocorre conforme esse gelo retorna à atmosfera por evaporação. A mudança é muito sutil para ser sentida, é minúscula se comparada à escala de um continente inteiro.
Mas é uma mudança significativa o suficiente para afetar as medições de satélites, e a equipe sugere que os parâmetros de GPS estão provavelmente errados em um milímetro ou dois da Austrália. Isso pode não soar um grande problema, mas é. Especialmente quando contamos com o GPS para controlar fatos como a elevação do nível do mar, ou nos localizar quando dirigimos. A equipe agora espera que possam usar suas pesquisas para tornar o GPS mais preciso.
“Se a nossa estação de GPS tiver alguma distorção, afetará nosso cálculo de posicionamento. Então, precisamos saber qualquer tendência sistemática em nossa estação para entender melhor nosso posicionamento”, disse Han. Os resultados foram publicados no periódico The Journal of Geophysical Research e precisam ser replicados por equipes independentes antes de fazermos quaisquer mudanças importantes no GPS.
Mas outros pesquisadores já estão entusiasmados com a nova abordagem, que pode ser usada para verificar outras medições planetárias e também deve funcionar em outros continentes. “Esta nova maneira de determinar o centro de massa da Terra é uma abordagem inovadora e será retomada por outros“, disse Richard Gross, pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, Califórnia, que não está envolvido com o estudo. [ Science Alert ] [ Foto: Reprodução / NASA ]
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