A conclusão é mais uma etapa da briga entre fabricantes e legisladores americanos que querem aumentar os impostos das bebidas
BRUNA DE ALENCAR, COM EDIÇÃO DE MARCELA BUSCATO
Um levantamento da Universidade da Califórnia, em San Francisco, nos Estados Unidos, sugere que as pesquisas científicas feitas com financiamento da indústria de bebidas têm mais chances de omitir a relação entre a ingestão de refrigerantes e a possiblidade de desenvolver diabetes e obesidade. A equipe do médico americano Dean Schillinger analisou 60 estudos publicados entre 2001 e 2016. Destes, 56,7% (34) apontavam que os refrigerantes poderiam causar obesidade e diabetes. Outros 43,3% (26) não chegavam à relação. Todos os estudos que não encontraram associação entre refrigerantes e diabetes haviam sido feitos com recursos de fabricantes de refrigerantes. A análise foi publicada na revista médica americana Annals of Internal Medicine. “Como está bem estabelecido que estudos com conflito de interesses costumam favorecer os negócios da indústria, as pessoas devem prestar atenção nos resultados das pesquisas independentes”, disse Schilinger a ÉPOCA. “Esses estudos mostram esmagadoramente a associação entre refrigerantes, obesidade e diabetes.”
Refrigerantes: levantamento sugere que estudos financiados pela indústria não mostram associação com obesidade e diabetes (Foto: Thinkstock)
A origem do estudo de Schillinger é peculiar. Em 2015, a cidade de San Francisco emitiu uma portaria determinando que todos os anúncios de refrigerantes trouxessem um alerta sobre os possíveis males causados à saúde -– algo semelhante aos avisos que aparecem nos maços de cigarro aqui no Brasil. A indústria de bebidas acionou a cidade na Justiça, afirmando que a determinação era uma afronta à liberdade de expressão. Schillinger foi chamado na ocasião pela cidade para compilar as evidências científicas. O caso inspirou Schillinger a pesquisar sobre a influência da indústria de bebidas na opinião e nas políticas públicas. MAIS AQUI
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