Um estudo publicado em setembro do ano passado pela revista The American Naturalist descreveu novos detalhes sobre um fungo parasita capaz de transformar formigas em verdadeiros zumbis. O ambiente interno dos insetos seria ideal para o crescimento e a reprodução do fungo, que manipula precisamente o comportamento de seus hospedeiros, segundo informações da Science Daily.
A pesquisa foi liderada pelo cientista David P. Hughes, da Universidade de Harvard, e sugeriu que quando uma formiga-carpinteira está infectada pelo fungo Ophiocordyceps unilateralis, ela permanece viva apenas por um curto período. O fungo se assenta como condutor de seu corpo e a obriga a sair de seu ninho em direção a outras regiões com plantas rasteiras. Ela então é guiada a subir nessas folhas e a se pendurar por meio das mandíbulas para morrer – e ali ela fica por presa por semanas.
Quando a formiga morre o fungo continua vivo dentro de seu corpo. Depois de alguns dias ele sai pela sua cabeça. Uma ou duas semanas depois, libera esporos pelo chão, para infectar novas formigas que passarem por ali.
Essa capacidade do parasita de transformar formigas em zumbis é conhecida há mais de um século pelos cientistas. Porém, Hughes e seus colegas relataram com detalhes o controle que o fungo tem sobre sua vítima.
Em uma floresta tailandesa, a equipe descobriu que as formigas-carpinteiras infectadas eram quase que invariavelmente encontradas presas nas partes inferiores das folhas, curiosamente no lado noroeste delas, a estavam cerca de 25 cm do chão. Eles descobriram que a temperatura, umidade e luz solar nesses locais são, aparentemente, ideais para o crescimento e a reprodução do fungo. Quando os cientistas colocaram as folhas com formigas infectadas em locais mais elevados, ou no chão da floresta, o parasita não conseguia se desenvolver adequadamente.
“O fungo manipula com precisão as formigas infectadas para morrerem onde quiser, fazendo-as percorrer um longo caminho durante as últimas horas de suas vidas”, disse Hughes.
Conforme o fungo se propaga no interior da formiga morta, ele converte as entranhas do inseto em açúcares, que serão usados para ajudar em seu crescimento, mas deixam as mandíbulas e os músculos intactos, para que elas consigam ficar presas às folhas mesmo após a morte. O fungo também preserva o escudo exterior da formiga, crescendo sobre fissuras e fendas para reforçar pontos fracos e manter micróbios e outros parasitas longe. Nesse ponto, ele também estará mais seguro para sair e fazer novas vítimas.
As formigas, no entanto, aparentemente têm poucas defesas contra esse parasita. A forma mais importante de prevenção é ficar o mais longe possível. Isso, em partes, pode ser a razão pelas quais elas costumam fazer seus ninhos nos dosséis da floresta, bem acima das zonas de reprodução dos fungos.
O mecanismo utilizado pelo parasita para controlar o comportamento das formigas ainda permanece desconhecido, mas de acordo com Hughes é algo que eles estão tentando descobrir. [ Science Daily ] [ Fotos: Reprodução / Creature Facts ]
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