Cientistas na China estão prestes a lançar o primeiro “satélite quântico” do mundo, que um dia poderia promover uma rede global de comunicações extremamente segura.
O artefato pesa mais de 580 quilos e contém um cristal que produz pares fótons emaranhados, que serão disparados para estações terrestres no país, e também na Áustria, para formar uma espécie de “senha”. Esses fótons emaranhados, teoricamente, podem manter sua ligação a qualquer distância, e de acordo com os cientistas em publicação na Nature, qualquer tentativa de violar esse tipo de comunicação seria facilmente detectável.
O lançamento do satélite está programado para o final deste mês e ocorrerá no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan. Se os experimentos iniciais da missão, que deverá durar dois anos, provarem ser bem-sucedidos, ela em breve poderá ser seguida por mais empreendimentos similares.
No momento, os pesquisadores estão trabalhando para provar que as partículas podem permanecer emaranhadas mesmo com grandes distâncias – neste caso, a mais de 1.200 quilômetros. Em teoria, isso deverá ser possível, já que, de acordo com a física quântica, as partículas emaranhadas permanecem conectadas para que as ações de uma afetem o comportamento da outra, mesmo que estejam separadas por grandes distâncias. Essa teoria foi referida por Einstein como “ação fantasmagórica à distância”.
O emaranhamento ocorre quando um pouco de uma partícula interage fisicamente com outra. Por exemplo, um feixe de laser disparado através de um cristal pode causar a separação de partículas individuais em pares de fótons emaranhados.
Logo, no caso do satélite, se alguém tentasse violar sua segurança, a ruptura seria detectada facilmente nas estações da Terra. Ao longo da missão, a China pretende realizar um teste para provar a existência do emaranhamento a tal distância. Os cientistas tentarão “teleportar” estados quânticos – nesse caso, o estado quântico de uma foto será reconstruído em um outro local.
Essa experiência poderia tentar criar um meio confiável e eficiente de teletransporte. Ao atingir esse estado quântico, os pesquisadores disseram que poderiam ser capazes de criar um telescópio de enorme resolução. “Você poderia não apenas ver planetas, mas em princípio até ler placas sobre as luas de Júpiter”, disse o físico Paul Kwiat, da Universidade de Illinois, EUA, que esteve evolvido no projeto.
A primeira tarefa do satélite será disparar os pares de fótons para as estações em Pequim e Viena, para gerar uma chave de criptografia. Conforme o trabalho continuar, outras estações poderão acompanhar o processo. “Se o primeiro satélite se sair bem, a China certamente lançará outros”, disse o físico Chaoyang Lu, Universidade de Ciência e Tecnologia da China. A ideia seria criar uma rede que conectará o mundo. Seriam necessários 20 satélites semelhantes para que isso fosse possível. [ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]
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