O presidente em exercício, Michel Temer, fez um balanço do seu primeiro mês de governo, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo divulgada neste sábado (11). "É uma guerra, tem sido uma guerra", afirmou. Nesses 30 dias, Temer perdeu dois ministros, recuou em decisões e encontrou situação financeira do país pior que imaginava. "Apesar de todas as turbulências, críticas e pressões, foi um mês de sucesso", afirmou o presidente na quinta-feira (9).
Ainda assim, Temer classifica como um "saldo positivo" as medidas aprovadas no Congresso que a "Dilma não conseguia", como a mudança da meta fiscal, a prorrogação da DRU (mecanismo que desvincula receitas da União) e a aprovação do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. "Restabelecemos a interlocução com o Congresso, votamos projetos com ampla maioria e estamos retomando a confiança no país, não é pouca coisa para um começo de governo", afirmou, buscando rechaçar as críticas de início de administração marcado por idas e vindas.
Criticado por montar um ministério sem mulheres e integrado por políticos citados na Lava Jato, o presidente interino preferiu afirmar que montou um "time de primeira grandeza na área econômica", citando Henrique Meirelles (Fazenda), Pedro Parente (Petrobras), Maria Silvia Bastos Marques (BNDES) e Goldfajn.
O peemedebista ressalta que, numa hipótese de não permanecer no governo, o país estará "salvo" se a equipe econômica for mantida. Indagado se seu comentário revela temor de volta de afastada Dilma Rousseff, ele não quis fazer uma avaliação sobre o tema.
Temer também comentou a proposta de plebiscito para convocar novas eleições, encampada por Dilma Rousseff como estratégia para tentar ganhar o julgamento do impeachment no Senado. Segundo ele, antes de tudo, seria preciso que ele renunciasse. "Depois, digo com toda tranquilidade, temos tido mais de 300 votos, às vezes mais de 340 na Câmara. Isto reflete confiança neste governo. Nossas vitórias no Congresso mostram que não tem espaço para a Dilma voltar", afirmou.
O presidente disse que a questão econômica foi a maior surpresa negativa neste primeiro mês de governo, sem mencionar as demissões de ministros provocadas pela delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. "Foi surpreendente, de forma negativa, o que encontramos aqui. As contas muito piores do imaginávamos, a Petrobras quebrada, os Correios quebrados, a Eletrobras quebrada. E eles ainda ficam numa campanha agressiva contra mim", disse, em tom de desabafo."Eu não tenho feito nenhum gesto contra ela. Respeito quem passou", disse.
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