Merelyn Cerqueira - Em um artigo escrito pelo especialista em ciência dos alimentos e microbiologia, Senaka Ranadheera, da Victoria University, na Austrália, e publicado pelo portal The Conversation, a temática que envolve a importância da lavagem dos legumes, verduras e frutas é, mais uma vez, colocada na mesa.
Isso porque, existe uma crescente demanda por frutas e vegetais em todo o mundo ocidental, graças ao aumento da conscientização das pessoas sobre seus benefícios. Além disso, todos nós, desde sempre, fomos aconselhados de que não é saudável comer um alimento sem antes lavá-lo. Sendo este o caso, o que realmente poderia acontecer se eles não fossem lavados?
Muitas frutas, vegetais e produtos não pasteurizados, estão sujeitos à presença de insetos, causadores de doenças, micróbios ou contém resíduos de pesticidas e composto tóxicos. Sendo alimentos frescos que são ingeridos crus, sem a necessidade de cozimento, esses produtos podem trazer grandes riscos para a saúde. Mas isso você já deve estar sabendo.
No entanto, a ingestão mínima de qualquer um desses insetos, micróbios ou químicos, pode ser realmente nociva, isso porque o sistema imunológico pode não conseguir combatê-los. No caso dos micróbios, o que pode acontecer é que uma falha cause a multiplicação desses organismos por todo o corpo.
Nos últimos anos, segundo Senaka, alimentos como repolho, salsão e melão foram identificados como potenciais fontes de agentes patogênicos de origem alimentar. Isso porque eles são mais suscetíveis à contaminação, causando uma série de problemas de saúde e grandes prejuízos financeiros em todo o mundo.
No ano passado, houve um surto de listeriose, uma intoxicação alimentar causada pela ingestão de alimentos contaminados pela bactéria Listeria monocytogenes, nos Estados Unidos. A contaminação foi vinculada às maçãs caramelizadas que eram vendidas em embalagens. Entre 12 estados, 35 pessoas foram contaminadas e três delas morreram.
Já em maio de 2011, a Alemanha apresentou o maior quadro de epidemia da Síndrome hemolítico-urêmica, uma doença caracterizada pelo aparecimento de anemia, insuficiência renal aguda, e baixa contagem de plaquetas, causada pela bactéria Escherichia coli (E.Coli), que mais tarde foi associada a alimentos frescos como brotos de feno-grego. Em um período de três meses, cerca de 4 mil pessoas apresentaram os sintomas da doença e foram relatadas 53 mortes.
Mas será que a lavagem ajuda? Segundo o especialista, a lavagem industrial é o primeiro passo. Nela, os produtores, tentam remover sujeira, pesticidas e insetos. Além disso, ela serve para aumentar o prazo de validade do produto. No entanto, a água utilizada por muitos deles não é muito confiável.
Além disso, o caminho todo que o alimento percorre até chegar nas prateleiras do supermercado já é mais uma preocupação. Sendo assim, um produto pré lavado não é 100% seguro. E se você está achando que descascar ou cozinhar é a solução, está enganado. Descascar pode até ajudar a se livrar dos insetos na superfície, mas também pode causar contaminação cruzada, afetando a parte interna do produto. Para o cozimento, alguns dos compostos (metabólitos) podem ser tolerantes ao calor, causando graves problemas de saúde.
Segundo Senaka, a maioria dessas doenças transmitidas por alimentos é evitável. Lavar legumes e verduras em água corrente e limpa – porque ajuda a limpar e reduzir significantemente o nível de bactérias, apesar de não as eliminar completamente – pode ser um bom começo.
Já no caso das frutas, o conselho do especialista é nunca comê-las sem antes lavar e ser consciente de que se um produto parece estar contaminado, não é, de forma alguma, seguro ingeri-lo. Ele também aconselha que as pessoas fiquem atentas aos meios de comunicação locais para descobrir sobre os possíveis surtos de contaminação relacionados aos alimentos. [ Science Alert / The Conversation / Minha Vida ] [ Foto: Reprodução / Erfan A. Setiawan / Flickr ]
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