O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, foi incentivado nesta quarta-feira por parlamentares da oposição a se insurgir contra a presidente Dilma Rousseff, que o considerou culpado por ter feito um resumo falho que embasou a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
“Como o senhor se acomoda? Não sei como o senhor se comporta dessa maneira. Ela (Dilma) jogou o senhor no covil das onças. O senhor está sendo levado para uma situação muito desagradável”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
Cerveró voltou a negar prejuízo no negócio e disse desconhecer uma organização criminosa dentro da estatal.
Cerveró foi pela terceira vez ao Congresso para explicar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, desta vez na condição da investigado da CPI. O negócio foi aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras em 2006, quando era presidido por Dilma Rousseff.
A empresa brasileira comprou da belga Astra Oil 50% da unidade por US$ 360 milhões, mesmo valor que teria custado a refinaria inteira para a sócia. Por um desacordo entre as companhias, a Petrobras teve de adquirir toda a refinaria, num negócio que custou mais de US$ 1 bilhão.
O depoimento de hoje ocorre após o vazamento de informações do processo de delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa, que está preso por suspeita de participação em um megaesquema de lavagem de dinheiro. Costa afirmou que políticos da Câmara e do Senado, além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, receberam 3% de valores de contratos fechados entre a Petrobras e empreiteiras.
A estratégia da oposição foi confrontá-lo com a versão de Dilma Rousseff e tentar incentivá-lo a se diferenciar do ex-colega de empresa, que passou a delatar o suposto esquema em troca de redução de pena.
“O senhor vai virar o próximo mártir. Sua cabeça vai ser entregue em uma bandeja. O senhor deveria fazer delação premiada também”, sugeriu o deputado Fernando Francischini (SD-PR).
Em seu resumo executivo sobre a compra da refinaria de Pasadena, Cerveró não incluiu duas cláusulas contratuais. Em março, Dilma disse que se soubesse dos detalhes não teria votado pela aprovação do negócio. Foi por causa de uma das cláusulas que a Petrobras precisou comprar toda a refinaria.
Cerveró disse que seu parecer não era suficiente para aprovar o negócio e evitou fazer juízo sobre a afirmação de Dilma. “É uma opinião dela, que pode ser equivocada”, limitou-se a dizer o ex-diretor. E negou qualquer conhecimento do suposto esquema de pagamento de propina a políticos.
Cerveró diz que TCU cometeu equívoco
Em seu depoimento, Cerveró disse que o Tribunal de Contas da União (TCU) cometeu um equívoco ao utilizar um cenário errado para apontar um prejuízo na compra da refinaria de Pasadena. Segundo ele, o tribunal usou uma estimativa da consultoria Muse Stencil, que colocou o valor aproximado da unidade em US$ 186 milhões, enquanto valeria mais de US$ 300 milhões.
Apartamento de R$ 7,5 milhões
Cerveró negou irregularidades com o apartamento que alugava no Rio de Janeiro. Segundo reportagem da revista Veja, o imóvel está avaliado em R$ 7,5 milhões e teria sido comprado por uma offshore no Uruguai. O ex-diretor disse que pagava cerca de R$ 7 ou 8 mil reais recentemente para morar no apartamento, o que era compatível com o salário dele na BR Distribuidora.
"Media training"
O ex-diretor também negou irregularidades em um treinamento dentro da Petrobras para participar da CPI da Petrobras no Senado. A oposição acusa o governistas de combinar perguntas com os depoentes.
“Eu fui convidado para fazer o que já fiz várias vezes que é o media training de comportamento na argumentação sob pressão. É uma equipe de profissional. Fiz, mas eu nunca neguei isso”, disse. Segundo ele, o curso faz parte de alguns benefícios a que ex-diretores têm direito. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters--Fonte: Terra
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