A jornalista Miriam Leitão afirmou neste sábado (13) que a identificação e exoneração do funcionário público que usou a rede do Palácio do Planalto para adicionar críticas a ela na enciclopédia virtual Wikipédia "não a tranquiliza" e que o caso mostra "que a democracia no país não está funcionando". Ela comentou o caso durante sua participação do 5º Festival de Literatura Infantil de Monteiro Lobato, no interior de São Paulo.
“O fato de terem identificado quem executou não me tranquiliza, por não saber quem produziu o ambiente onde isso aconteceu. Eu quero que a democracia funcione bem. Esse caso parece pequeno, mas ele é revelador de que democracia não está funcionando”, afirmou a jornalista.
O governo concluiu após sindicância que as alterações nos perfis dos jornalistas Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão foram feitas pelo servidor Luiz Alberto Marques Vieira Filho. O servidor ocupava a função de chefe da Assessoria Parlamentar do Ministério do Planejamento e foi exonerado do cargo nesta sexta-feira (12), conforme publicação no Diário Oficial da União.
Para Miriam, não é admissível que um funcionário público trabalhe para um partido específicos e use recursos do governo para atacar terceiros. “Não é porque aconteceu comigo, mas não pode sair da Presidência da República o ataque a um cidadão, porque não é para isso que sustentamos a Presidência da República. Minha tristeza continua igual”, disse.
Ela também destacou que não tem rivalidades no cenário político e todo seu trabalho é pautado pelos princípios do jornalismo. “Não sou inimiga de partido nenhum, sou jornalista. Aos 19 anos eu estava numa prisão sofrendo porque eu cresci na ditatura, então só tenho um inimigo na política, que é a ditadura.”
Entenda o caso
Em 8 de agosto, o jornal “O Globo” publicou reportagem na qual mostrou que um computador conectado à rede do Palácio do Planalto modificou os perfis de Sardenberg e Miriam Leitão na Wikipédia para incluir críticas aos dois. Os dois jornalistas são colunistas e comentaristas da TV Globo, do jornal "O Globo" e da rádio CBN.
Diante da polêmica gerada pelo episódio, inicialmente, o governo alegou que era "impossível" identificar os responsáveis pelas críticas. Depois, a presidente Dilma Rousseff determinou a abertura de uma sindicância para tentar identificar os responsáveis pela edição. O resultado foi divulgado na última quinta-feira (11).
Segundo o governo, na época em que ocorreram as modificações nos perfis dos dois jornalistas, Vieira Filho exercia cargo de assessor da Secretaria de Relações Institucionais. O governo informou ainda que durante as investigações o servidor assumiu a autoria das alterações e pediu exoneração do cargo de chefia que exercia no Ministério do Planejamento.
De acordo com o Executivo, mesmo exonerado, Vieira Filho será alvo de um processo administrativo disciplinar (PAD), que poderá, eventualmente, culminar na sua demissão do serviço público. A Casa Civil destacou que, como prevê a legislação, será assegurada ampla defesa ao servidor. Fonte: Com informações do G1
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