Do G1 MG com informações do Jornal Nacional
O laudo oficial da Polícia Civil sobre a queda do Viaduto Guararapes, que o Jornal Nacional teve acesso com exclusividade, aponta que uma sequência de erros provocou o desabamento da estrutura.
Os peritos constataram que houve erro no cálculo das ferragens do bloco de fundação de um dos pilares, no projeto feito pela empresa Consol. Números que correspondiam à carga de sustentação foram transcritos de maneira errada e não foram revisados pela própria Consol, nem pela Cowan, que executou a obra, e nem pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), que pertence à Prefeitura e era responsável pela fiscalização.
A alça Sul do Viaduto Guararapes, na Avenida Pedro I, Região Norte da capital mineira, desabou no dia 3 de julho. Duas pessoas morreram e 23 ficaram feridas. Já a alça Norte foi implodida neste domingo (14). No dia 22 de julho, a Cowan divulgou o resultado de uma análise contratada por ela que responsabilizou a Consol e a Prefeitura pela queda.
Já o laudo oficial ainda aponta que houve um erro na protensão, que é a instalação de cabos internos no concreto. Eles não foram cobertos com nata de cimento, como deveriam.
Os peritos também detectaram que foram abertos 42 buracos na estrutura do viaduto para a passagem de material, que não estavam previstos no projeto e fragilizaram a construção. Com todos estes problemas, houve sobrecarga no pilar que cedeu e a alça do viaduto desabou, quando as escoras foram retiradas.
Outra falha ocorreu, de acordo com o documento, no momento da retirada das escoras do viaduto. “Na hora de retirar as escoras, houve indícios de que elas estavam sendo muito pressionadas”, destaca o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, Frederico Correia Lima.
“Deveriam ter havido uma fiscalização e deveria ter acendido um sinal de alerta nesse momento. E que fossem chamados os profissionais do projeto e também da execução pra que tomassem uma decisão naquele momento, antes de continuar tirando esse escoramento”, completa Lima.
O Ministério Público marcou para esta terça-feira (16), uma reunião entre as empresas responsáveis pela obra e a Prefeitura. A Promotoria de Justiça de Minas faz também um levantamento dos prejuízos aos cofres públicos.
“Pode-se responder de uma forma amigável, ou seja, fazendo se um acordo com o Ministério Público, se comprometendo a reconstruir ou até devolver o dinheiro. Agora, não havendo esse espírito de conciliação, vão se submeter a um processo judicial”, explica o promotor Eduardo Nepomuceno.
A polícia recebeu autorização para prorrogar o inquérito criminal por três meses e ainda não indiciou ninguém como responsável pela queda.
A Consol, empresa responsável pelo projeto do Guararapes, admitiu que houve erro de transcrição do cálculo para o desenho em um único ponto, mas que esse erro não seria suficiente para o desabamento do viaduto. A empresa afirma ainda que a obra não foi executada conforme o projeto.
A construtora Cowan alegou que não teve acesso ao laudo e que, por enquanto, não vai comentar as conclusões.
Já a Prefeitura informou que só vai se pronunciar após a conclusão do inquérito.
Moradores vizinhos ao viaduto, que tiveram que sair de casa para a implosão, não querem a reconstrução. “Não queremos mais viaduto aqui, de jeito nenhum, porque isso nos trouxe muita tristeza, muita dor. Agora nós queremos voltar à nossa vida normal”, diz a técnica de enfermagem, Adelaide de Jesus.
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