O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró rebateu, ontem, em depoimento à CPI Mista que apura suspeitas de irregularidades na estatal, as declarações do ex-colega Paulo Roberto Costa, que disse ter havido desvios para abastecer um esquema de pagamento de propina a políticos, conforme reportagem da revista Veja sobre a tentativa de delação premiada do ex-dirigente preso pela operação Lava Jato.
No depoimento, Cerveró foi instigado pela oposição a atacar a presidente Dilma Rousseff e avalizar declarações de Costa, mas ele foi em sentido oposto. “Nunca ouvi falar de organização criminosa na Petrobras.” Cerveró disse aceitar uma acareação com o ex-colega de diretoria: “Não tenho por que ficar preocupado com a delação do Paulo”.
Os parlamentares questionaram Cerveró sobre declarações de Dilma na série Entrevistas Estadão, segunda-feira, quando a presidente definiu como “estarrecedora” a atuação de um esquema ilegal na empresa e que, se houve “sangria”, ela já foi estancada. “É uma afirmação dela.”
Cerveró repetiu o discurso de que a omissão de cláusulas contratuais na compra da primeira metade de Pasadena não era fundamental para se fechar o negócio, em 2006. Em março, Dilma disse ao Estado que não aprovaria a transação se tivesse conhecimento das cláusulas omitidas. A petista presidia o Conselho de Administração da Petrobrás em 2006.
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou um prejuízo financeiro de US$ 792 milhões com a compra de Pasadena e, em julho, determinou o bloqueio de bens de Cerveró e outros integrantes da diretoria executiva da época. O TCU livrou Dilma e membros do conselho de administração do bloqueio.
O ex-diretor afirmou que a responsabilidade é do conselho, e não da diretoria. Cerveró negou que a transferência de três imóveis aos filhos seja uma forma de burlar a determinação do TCU, alegando que se trata de antecipação de herança. *Por Ricardo Brito e Daiene Cardoso, Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário