Uma descoberta realizada por cientistas pode fazer muitas pessoas mudar de opinião a respeito do Botox, o tratamento rejuvenescedor antirrugas feito a partir da toxina da bactéria do botulismo.
A pesquisa sugere que as injeções de Botox podem oferecer um novo tratamento eficaz ao câncer de estômago.
Através de testes efetivos feitos em ratos, o Botox foi administrado em locais pontuais, refletindo o efeito da ‘vagotomia’ - remoção cirúrgica de ramos do nervo vago gástrico, regulando os processos de digestão.
Timothy Wang, do Centro Médico da Universidade de Columbia, nos EUA, é o pesquisador principal da pesquisa. "Os cientistas têm observado que os cânceres humanos e de ratos contêm uma grande quantidade de nervos em torno das células tumorais. Queríamos entender mais sobre o papel dos nervos no surgimento e no crescimento do câncer, concentrando-se em câncer de estômago. Nós descobrimos que o bloqueio dos sinais nervosos faz com que as células cancerosas fiquem mais vulneráveis, removendo um dos fatores-chave que regula o seu crescimento", explicou.
O Botox impede que as células nervosas liberem um neurotransmissor chamado acetilcolina, que, na parte estética do procedimento, paralisa temporariamente músculos faciais, ajudando na redução das rugas. O neurotransmissor também é conhecido por estimular a divisão celular, por isso sua ligação com o câncer foi associada.
O coautor da pesquisa, Duan Chen, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, disse que os efeitos do Botox ao tratamento de câncer foram notáveis. "Ele realmente nos surpreendeu. A constatação de que o Botox foi altamente eficaz foi particularmente emocionante. Nós acreditamos que este tratamento é bom, porque pode ser usado localmente, tendo como alvo as células-tronco do câncer”, disse.
O Botox pode ser injetado através de gastroscopia (um tubo fino que vai da boca até o estômago) e isso só requer que o paciente permaneça no hospital durante algumas horas.
As injeções de Botox são menos tóxicas do que a maioria dos tratamentos padronizados para câncer. Nos testes, não causou quaisquer efeitos secundários e eram relativamente baratos, disseram os cientistas.
No entanto, acredita-se que a combinação de tratamento ao nervo específico com a quimioterapia tradicional, ainda possa ser a abordagem mais eficaz.
Os testes mostraram que a remoção dos sinais nervosos não só tiveram um efeito direto, mas também deixaram as células cancerígenas mais sensíveis à quimioterapia. Em ratos, a combinação de quimioterapia e Botox gerou taxas de sobrevivência de até 35% em comparação com a quimioterapia isolada.
A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, foi focada em câncer de estômago em estágio inicial.
"No futuro, nós realmente gostaríamos de ver como podemos usar este método para atingir nervos de forma a interromper o crescimento de tumores mais avançados", disse o Dr. Wang.
Seu laboratório espera desenvolver drogas que bloqueiam as moléculas receptoras das superfícies de tumores, que são sensíveis à acetilcolina. O método poderia ser mais eficaz do que qualquer cirurgia ou Botox em cânceres mais invasivos, uma vez que iria procurar células que se ‘partem’ do tumor principal.
Outros tumores sólidos, como o câncer de próstata, podem ter seu crescimento estimulado por sinais nervosos semelhantes, dizem os cientistas. Porém, mais pesquisas são necessárias para identificar os nervos envolvidos. Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / DraSilviaCristina / Patricinhaesperta
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