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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Petistas recuam e vão tentar amarrar o PSB

Aline Moura - Diario de Pernambuco
Pressão do ex-presidente e Lula segura pernambucanos favoráveis à entrega de cargos no governo socialista. Foto: André Menezes/Divulgação
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu abafar, ontem, a proposta de “independência” que parte do PT pernambucano iria propor em relação ao governo Eduardo Campos (PSB), com entrega imediata dos cargos no primeiro escalão. A tese seria defendida no lançamento da candidatura do advogado da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Bruno Ribeiro, à presidência estadual do partido. Mas esfriou após uma conversa do presidente nacional do PT, Rui Falcão, com o senador Humberto Costa e o deputado federal João Paulo, ambos defensores de uma maior autonomia petista.

A conversa entre os três (Rui, João Paulo e Humberto) realizou-se por telefone no fim de semana e com a interferência direta de Lula, que pediu prazo ao PT estadual em virtude da aliança histórica com o PSB e com Eduardo. O diálogo transformou-se num acordo - especialmente por Pernambuco ser o reduto de Eduardo - e a executiva nacional petista terminou soltando uma nota oficial com mensagens subliminares. O texto desconsiderou a candidatura de Eduardo à Presidência e disse que, naturalmente, a eleição ficaria polarizada entre o PT e seus opositores - “o PSDB, o DEM e o PPS”.

A nota do PT nacional teve sentido dúbio. No primeiro, frisava que os petistas acreditavam num recuo de Eduardo mas, depois, jogava Eduardo no mesmo campo dos tucanos, caso ele mantivesse a disposição de concorrer à presidência. E esse foi mais ou menos o tom sustentado nos discursos das lideranças que participaram do lançamento da candidatura de Bruno Ribeiro, no Sindspe, no Centro do Recife.

Humberto e João Paulo condicionaram a aliança com o PSB no estado ao tratamento que os socialistas dariam ao projeto de reeleição de Dilma. Ambos usaram frases fortes, respaldados por deputados estaduais como Isabel Cristina, Odacy Amorim e Isaltino Nascimento, que é secretário de Transportes de Eduardo. Isaltino foi indagado pela reportagem sobre o seu silêncio nos últimos dias e arrematou. “Mas agora eu falo: eu sou petista. Esse negócio de que eu vou sair do partido é fogo amigo. Tenho orgulho de ser petista”, declarou Isaltino.

“Governador”
Ovacionado no encontro petista, chamado de “governador, governador”, João Paulo disse à plateia que ele e Humberto estavam sendo ameaçados de retaliação - sem citar nomes -, mas que estava chegando ao limite. “Posso virar gladiador”, disse. “Fazia tempo que eu não estava perto de um reator nuclear como estou hoje. A energia daqui é capaz de tudo”, afirmou.

Já o senador fez um discurso ácido de quase 20 minutos. Falou que o PSB estava desrespeitando o seu partido, desmontando programas históricos, como o Orçamento Participativo e a rede municipal de saúde. Ele ainda alfinetou o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, que teria marcado para uma quarta-feira a inauguração da Adutora do Pajeú, um projeto de “meio bilhão de reais” financiado pelo governo federal, sem consultar a disponibilidade dos petistas no estado.

Confira, em tópicos resumidos, o que foi decidido pela Executiva do PT em relação à saída do PSB do governo:
* O jogo de 2014 é a defesa do projeto que marcou as eleições de 2002, 2006 e 2010
* Tanto no primeiro quanto no segundo turno, a disputa terá dois campos distintos: um representado pelo PT e outro por PSDB, DEM e PPS
* O PT espera que o PSB se mantenha ao lado do PT nessa composição
* O partido defende que PT e PSB continuem fazendo parte mutuamente dos respectivos governos, mas mantendo a diretriz de que os cargos estão sempre à disposição
* A orientação é para diretórios municipais e estaduais focarem a reeleição de Dilma

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