A Câmara dos Deputados abriu inscrições, nesta sexta-feira, para ganhar ferramentas de 50 cidadãos que permitam o controle das atividades dos parlamentares por meio de aplicativos baixados em computadores, tablets e celulares. Entre as opções, uma delas poderá ser a de facilitar o monitoramento dos passos de cada um dos 513 deputados. Como? Vai depender da criatividade e do conhecimento técnico de cada um dos escolhidos, que têm a oportunidade de se inscrever no site www.camara.leg.br/hackathon para participar do concurso Hackathon (abreviação de maratona hacker).
A promoção é um esforço para resgatar a imagem da Câmara. A relação está um pouco tensa entre a sociedade e o Parlamento admite o coordenador do concurso, Cristiano Ferri, diretor da E-Democracia da Câmara, departamento criado em 2009 para cuidar da interatividade entre cidadãos e os deputados.
Ferri é responsável também pelo site e-democracia 2013 que, entre outros resultados, serviu de ponte para a participação popular na elaboração do Estatuto da Juventude, promulgado no mês passado. Além de ser, neste momento, um canal para sugestões para a reforma política, que está em estudo na Casa a partir da criação, há pouco mais de um mês, de um Grupo de Trabalho que tem por meta apresentar ainda neste ano projetos de lei e Propostas de Emendas à Constituição (PECS) para votação em plenário.
Em resumo, toda essa movimentação em torno da internet é, na verdade, e mais um eco das manifestações que amiúde eclodem na Câmara e nas ruas nos últimos tempos, principalmente tendo em vista os protestos de junho deste ano. Desde então, o que já era uma tendência ganhou urgência dos deputados para dar transparência aos atos do legislativo e virou, ao que parece, uma espécie de palavra de ordem dentro da instituição.
Salão verde
E é com esse viés da transparência que, durante quatro dias, o salão verde da Câmara 2013 local considerado coração da Casa, próximo ao plenário -, será palco da maratona hacker. A Hackathon terá a participação, de acordo com Ferri, dos deputados dispostos a tirar dúvidas e dar sugestões sobre as ferramentas que serão produzidas.
Nesses quatros dias de outubro e novembro, deputados vão se misturar com quem sempre foi confundido com ações de sabotagem na internet, invadindo sites e portais ou roubando informações sigilosas. Na verdade, os autores desses atos ilícitos são os crackers. Os hackers são os responsáveis por conhecer e modificar os aspectos mais internos de dispositivos e programas, com capacidade para traduzir de forma simples dados muitas vezes complicados e dispersos na internet.
O concurso Hackathon 2013 da Câmara também faz parte das comemorações dos 25 anos, neste ano, da promulgação da Constituição Federal, a Constituição cidadã, assim chamada pelo deputado federal Ulysses Guimarães, morto em 1992.
O concurso da Câmara vai premiar com R$ 5 mil cada um dos três primeiros colocados. Vale lembrar que a maratona de hacker não é inédita no país. Muito menos é a primeira vez que os hackers se dedicam a criar meios de controle dos parlamentares e compreensão do trabalho que eles realizam. Apenas um exemplo: o primeiro colocado deste ano do
Campus Party Brasil, considerado o maior evento de inovação tecnológica, internet e entretenimento eletrônico do país, concorreu com uma ferramenta batizada de radar parlamentar, um aplicativo que permite saber a votação dos partidos nas casas legislativas.
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