Os donos do Banco Rural são suspeitos de tentar salvar a instituição com recursos que mantinham ilegalmente no exterior, segundo o Ministério Público e o BC.
O banco teve sucessivos aportes, sendo o último de R$ 65 milhões, feito no início do ano passado. Entre 2003 e 2005, uma offshore dos donos do Rural nas Ilhas Cayman teria simulado empréstimos de US$ 100 milhões para trazer dinheiro ao banco.
A suspeita, segundo a investigação, é que o dinheiro era do próprio Rural. A dona da offshore, chamada Securinvest, era Kátia Rabello, dona do banco, segundo investigações de um processo de falência. No voto do relator do mensalão, Joaquim Barbosa, é citada a existência dessa offshore. Ela nega.
A fiscalização do BC avalia que o Rural vinha sofrendo um abalo de confiança muito forte desde 2005, quando estourou o escândalo. Desde então, o tamanho do Rural diminuiu para um quarto.
Segundo o BC, o Rural conseguiu sobreviver ao abalo de confiança neste período, mas neste ano a situação se complicou. Nos últimos três meses, foi verificado um quadro de pré-insolvência por causa das perdas de ações judiciais, o que colocou em risco os créditos de credores do banco.
VASP E PETROFORTE
O Rural era acusado de ajudar a esconder bens de donos de duas empresas que faliram: a Vasp e a distribuidora de gasolina Petroforte.
No caso da Vasp, o banco e uma empresa do grupo, chamada Rural Agroinvest, foram condenadas pelo STJ a pagar R$ 110 milhões a ex-funcionários porque ajudaram o empresário Wagner Canhedo a esconder patrimônio quando os bens dele já estavam indisponíveis. Para contornar o veto, Canhedo simulou um empréstimo e pagou com 71.600 cabeças de gado.
Em outra falência, da Petroforte, o Rural é acusado de ter ajudado os empresários a esconder uma usina de açúcar dos credores. Kátia Rabello é acusada de usar laranjas para dissimular que era de fato a dona da usina. A Justiça bloqueou os bens de Rabello por conta da suspeita.
Segundo a Folha apurou, há 30 dias o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) foi procurado por um fundo com uma oferta de compra, mas a proposta não vingou.
Pesou na decisão do BC a avaliação de que o fim do Rural não representaria um risco sistêmico e o desgaste político de se salvar uma instituição atrelada ao mensalão.
Em setembro de 2012, o FGC se reuniu para avaliar a situação de outros bancos pequenos em situação semelhante ao Cruzeiro do Sul, cuja liquidação fora decretada naquele mês. Na ocasião, concluiu-se que o BVA e o Rural estavam a um passo do fim de suas atividades por situação de insolvência.
Outro lado
"Os controladores lamentam a interrupção abrupta em um momento em que se construía uma transição para reforçar o capital da instituição e adequá-lo aos seus planos de crescimento", disseram os controladores do banco. Folha de São Paulo
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