Cármen Guaresemin*Do UOL, em São Paulo*Divulgação
"Echium plantagineum" vem do sudoeste da Europa e suas sementes contêm ácido graxo poli-insaturado
A Echium plantagineum é uma planta do sudoeste da Europa cujas sementes contêm ácido estearidônico (SDA), um ácido graxo poli-insaturado do tipo ômega 3. Antes, seus princípios ativos eram usados na área cosmética, porém, após algumas pesquisas nos Estados Unidos e Europa, ela passou a ser consumida em cápsulas oleosas.
Alguns estudos publicados no Journal of Nutrition e no Atherosclerosis demonstraram que o óleo de Echium (lê-se équium) é capaz de reduzir o nível de triglicérides (gordura presente no organismo que está associada aos níveis elevados de colesterol) no sangue e no fígado.
"Além disso, o consumo regular desse óleo promove redução de radicais livres, o que evita o envelhecimento precoce; diminui o acúmulo de placas de gordura responsáveis pelo entupimento de veias, ou seja, produz um efeito cardioprotetor; e atua no estímulo das funções do cérebro e promove a melhora da flexibilidade articular, dentre outros benefícios", afirma a farmacêutica especialista em nutracêuticos e consultora técnica da Consulfarma, Karina Ruiz.
Agora, as cápsulas de óleo desta planta chegaram ao Brasil. A nutróloga Marcella Garcez, diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), conta que conhecia o produto em sua versão europeia. Ela cita uma pesquisa feita pela Harvard University, nos EUA, de 2008, comparando o óleo de Echium ao de peixe. "O estudo foi feito visando a redução dos triglicérides em ratos e ficou demonstrado que o óleo de Echium cumpriu esse papel".
A nutróloga acrescenta que a Echium possui em suas sementes algo que pouquíssimos vegetais têm: o ácido alfa-linolênico (ALA). "O corpo, por meio do fígado, converte o ALA em ácidos graxos de cadeia maior, o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA). Já foi demonstrado que filhos de gestantes ou lactantes que consumiram estes ácidos graxos têm cognição e inteligência maiores na fase adulta. A mãe que consome suplementos de ácido graxo nestes períodos ajudará na formação da retina e do tecido nervoso do bebê, por exemplo".
Desordem no organismo
Karina Ruiz comenta que os Neandertais, milhares de anos atrás, comiam uma parte de ômega 6 para uma parte de ômega 3. Atualmente, os números são 30 partes de ômega 6 para uma de ômega 3. "Isso cria uma desordem no organismo, causa distúrbios, processos inflamatórios, alergia, diabetes, depressão, alzheimer, doenças mentais, transtornos nervosos e outros males". A nutróloga Marcella Garcez vai além: "Estes números podem chegar até a 50 partes para uma"
Segundo Ruiz, o consumo da Echium traz benefícios cardiovasculares, diminui triglicérides e gorduras, e é ideal para portadores de doenças metabólicas, idosos e diabéticos. Este nutracêutico pode ser utilizado tanto na prevenção, quanto na redução da inflamação já existente.
Garcez afirma que o produto é dirigido especialmente ao público vegetariano e vegano que, por não consumir carnes e derivados de animais, têm falta de ferro no organismo. Pessoas com risco cardíaco, com histórico familiar de demência e doenças neurodegenarativas, também serão beneficiadas.
"A suplementação do Echium, portanto, é uma opção 100% natural e pode ser consumida sem problemas, pois precisamos do ácido graxo já que não o produzimos", comenta Ruiz, que também é autora do livro "Nutracêuticos na Prática - Terapias Baseadas em Evidências".
Porém, ela lembra que efeitos colaterais podem ocorrer por interação com remédios, fazendo aumentar hemorragia ou diminuindo a associação de plaquetas: "Por isso é interessante ter acompanhamento de um médico, nutricionista ou farmacêutico, mesmo não sendo necessária prescrição médica para tomar este nutracêutico. Geralmente duas a três cápsulas do óleo por dia é o suficiente".
Garcez diz que entre o óleo de Échium e o de peixe, prefere o segundo. E que não se deve misturar os dois. Além disso, a nutróloga frisa que o importante é mesmo ter uma alimentação bem variada e equilibrada. "O grande erro das pessoas é comer todos os dias as mesmas coisas, a chamada monotonia alimentar. Inclua frutas e vegetais no dia a dia. Para quem quer ômega 3 a melhor pedida é mesmo consumir peixes de água fria como atum, truta e sardinhas. Salmão, só o selvagem", encerra a nutróloga.
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