Pe. Cristóvão Dworak, CSsR
Como católicos reconhecemos a importância da solenidade de Corpus Christi. Enquanto na Quinta-Feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia, na solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo, celebramos o mistério da sua permanente presença no Santíssimo Sacramento do altar.
A festa surgiu, no século XIII, para confirmar a fé do povo na presença de Cristo nas espécies eucaristizadas. A consciência desta fé proporcionou o desenvolvimento de culto eucarístico fora da missa em diversos atos de devoção, que permanecem vivos até hoje, inclusive nas procissões de Corpus Christi.
O contexto desta solenidade convida a fazer uma breve reflexão sobre outra presença sacramental de Jesus na Eucaristia, nem sempre devidamente valorizada pelos fiéis. Trata-se da presença de Cristo da Palavra.
Orígenes (+253), um grande teólogo dos primeiros séculos do cristianismo dizia: “Se tomam tanto cuidado para guardar o seu Corpo - e têm razão – como podem então pensar que seja uma culpa menor, desprezar a Palavra de Deus?”. E o santo bispo Agostinho (+430) ao pregar, lembrava ao fieis: “O verdadeiro Cristo está na sua Palavra e na carne”; e “Bebe-se o Cristo no cálice das Escrituras como no cálice Eucarístico”. Por sua vez, São Cesário de Arles (+543), monge e bispo, pronunciou, um dia, as palavras que deram título a esta reflexão: “A Palavra de Cristo não é menos do que o Corpo de Cristo”.
O Concilio Vaticano II, reafirmou esta visão da Igreja quando enfatizava a presença de Cristo na Liturgia: “Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. [...] Presente está pela Sua palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se leem as Sagradas Escrituras na Igreja” (SC 7). Na Constituição dogmática sobre a Palavra de Deus, Dei Verbum, o Concilio ensina: “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor” (DV 21).
Você já entrou alguma vez numa Sinagoga judaica ou viu o seu interior na internet? Você percebeu onde são guardados os rolos das Sagradas Escrituras? A semelhança com o nossos sacrários é muito grande! Por que será?
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