O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirmou ao Valor que a atitude do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva significaria "um abandono a um respeito maior às instituições", caso se confirme o relato do ministro Gilmar Mendes, segundo o qual o ex-presidente lhe propôs adiar o julgamento do mensalão em troca de proteção na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. Mello também afirmou que o Supremo não está sujeito a pressões e que Mendes está "acima de qualquer suspeita."
Valor - Há uma tentativa de pressionar o Supremo?
Marco Aurélio Mello - Se ocorreu realmente como colocado, nós temos a revelação da quadra vivenciada. É o abandono a um respeito maior às instituições. Todos nós estamos perplexos com o fato. Não me refiro à colocação do presidente Lula de que não seria conveniente o julgamento, mas a uma pressão explícita ou implícita, no que se aludiu à blindagem [do ministro Gilmar Mendes na CPI]. O ministro Gilmar Mendes não precisa de blindagem nenhuma. Até aqui, é um homem acima de qualquer suspeita.
Valor - Como o senhor avalia o relato feito pelo ministro sobre a conversa com o ex-presidente?
Mello - Tudo é surpreendente, agora o presidente Lula negou que tivesse tido aquela conversa, o ministro Nelson Jobim, que seria o outro integrante da reunião, também negou. Vamos ver a reação do Gilmar.
Valor - O senhor acha que o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes deveriam se explicar na CPI?
Mello - Não, pois o fato não teria a ver com a CPI em si. Ela foi instalada com objetivo específico, não seria o questionamento de um fato posterior. O que digo é que não posso presumir o extravagante.
Valor - A que o senhor se refere como extravagante?
Valor - Há uma tentativa de pressionar o Supremo?
Marco Aurélio Mello - Se ocorreu realmente como colocado, nós temos a revelação da quadra vivenciada. É o abandono a um respeito maior às instituições. Todos nós estamos perplexos com o fato. Não me refiro à colocação do presidente Lula de que não seria conveniente o julgamento, mas a uma pressão explícita ou implícita, no que se aludiu à blindagem [do ministro Gilmar Mendes na CPI]. O ministro Gilmar Mendes não precisa de blindagem nenhuma. Até aqui, é um homem acima de qualquer suspeita.
Valor - Como o senhor avalia o relato feito pelo ministro sobre a conversa com o ex-presidente?
Mello - Tudo é surpreendente, agora o presidente Lula negou que tivesse tido aquela conversa, o ministro Nelson Jobim, que seria o outro integrante da reunião, também negou. Vamos ver a reação do Gilmar.
Valor - O senhor acha que o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes deveriam se explicar na CPI?
Mello - Não, pois o fato não teria a ver com a CPI em si. Ela foi instalada com objetivo específico, não seria o questionamento de um fato posterior. O que digo é que não posso presumir o extravagante.
Valor - A que o senhor se refere como extravagante?
Mello - Penso que a sociedade acompanha esse descompasso agora notado, o que é muito ruim. Eu digo o descompasso no que o ministro Gilmar veiculou, e agora a negativa do presidente Lula. Não acredito que ele [Gilmar] possa ter criado nada, porque é um homem com larga experiência.
Valor - A corte foi atingida como instituição?
Mello - De forma alguma, ela não fica sujeita a pressões. Nós atuamos a partir de uma cadeira que é vitalícia.
Valor - O episódio interfere na proposta de julgar o mensalão em agosto?
Mello - Não. O julgamento tem que ocorrer de acordo com o que está no processo. O julgamento pode ser a partir de agosto, desde que o revisor [o ministro do STF Ricardo Lewandowski] devolva o processo.
(Maíra Magro | Valor)
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