Johnny Depp e Lady Gaga morreriam de fome no que dependesse do prefeito de Osaka, Toru Hashimoto, atualmente o político mais popular do Japão. Ele declarou que, se os dois astros americanos, adorados pelos japoneses, batessem à sua porta para pedir emprego, diria “não”. O que o incomoda em Depp e Gaga não é o espírito rebelde, mas especificamente suas tatuagens. No comando do segundo maior centro financeiro do país, o prefeito populista declarou guerra aos tatuados. Seu principal alvo são os funcionários públicos com desenhos no corpo.
Mesmo para um país onde tatuagens são tabu — por serem associadas aos membros da máfia, a Yakuza —, a cruzada de Hashimoto, um advogado de 42 anos, é radical. Ele exigiu que os 33 mil servidores fossem submetidos a um questionário, atestando se têm ou não desenhos corporais. Os 110 que admitiram ter alguma marca poderão ser advertidos a removê-las. Demissões não estão descartadas. Centenas de funcionários, no entanto, se recusaram a responder e o partido do governo japonês (PDJ), adversário do conservador Hashimoto, classificou a iniciativa como “bullying”. O prefeito contra-atacou, afirmando que “o público sente-se intimidado quando atendido por pessoas tatuadas, o que afeta a credibilidade dos serviços públicos”.
Hashimoto não é o único a querer distância das tatuagens, olhadas com desconfiança por grande parte da sociedade. Desde pequenos, os japoneses ouvem que os desenhos são sinal de perigo. Academias de ginástica, clubes e onsens — os famosos banhos de águas termais —, em geral, proíbem a entrada de clientes tatuados. Não interessa o tamanho do desenho ou a nacionalidade do visitante.
O estigma vem das marcas que os membros da Yakuza espalham pelo corpo, cobrindo-o com imagens orientais, cheias de significados mitológicos. Para os mafiosos, ser marcado por uma agulha é um sinal de lealdade ao seu clã, além de provar sua resistência à dor: a tradicional arte corporal japonesa é feita à mão, sem máquinas elétricas. Da Agência O Globo
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