Mais do que qualquer mortal, o presidente Hugo Chávez, que tem passado a vida gravitando em torno de seu próprio ego, mal consegue enfrentar a gravidade de seu estado de saúde e administrar com algum decoro a inevitável fase terminal de sua patologia, como soe ocorrer com muitos pacientes diagnosticados de câncer.
Lamentavelmente, Chávez não aprendeu a usar uma ferramenta psicológica, como o controle das emoções, que tanto ajudaria a esse tipo de doente a encarar esta fase de extinção de seu governo e – ao que parece – de sua própria vida.
Não faz sentido falar do tempo perdido no cultivo de tantos inimigos, tentando aferrar-se ao poder a qualquer custo e com ajudas inclusive dos que já passaram para o andar de cima (ou mais propriamente, para o andar de baixo), como as almas oferecidas ao fogo do inferno, tão diversas como as da savana de Maisanta, Kadafi, e Saddam Hussein, e, daqueles que ainda respiram, como os guerrilheiros das FARC, Fidel e Raúl Castro, que também carregam o pesado fardo de seu compromisso com as trevas.
Se ao invés de se abraçar com o curandeirismo cubano ele o tivesse feito com o budismo zen e dedicasse algumas horas à sadia prática da ioga, a estas alturas já teria se livrado desse ego insaciável e desmedido que o convenceu ser o centro do universo e permitiu perverter suas relações com meio país e meio mundo.
Agora, por estar tão absorto com a gravidade de sua doença terminal, ele não pode governar nem resolver problemas de caráter urgente, como a sua sucessão presidencial, que libertam e espalham demônios nas Forças Armadas para lhe dar pavio à lâmpada y, entre os que aspiram a candidatura do PSUV.
Lágrimas negras
O tema de sua própria extinção é altamente estressante para qualquer um, muito mais para um indivíduo com a personalidade narcisista e histriônica de Chávez (segundo diagnósticos de reconhecidos psiquiatras que têm descrito os sintomas de seus transtornos mentais), e seu comportamento público assim se manifesta e revela seu crescente e enorme medo da morte.
Lágrimas negras
O tema de sua própria extinção é altamente estressante para qualquer um, muito mais para um indivíduo com a personalidade narcisista e histriônica de Chávez (segundo diagnósticos de reconhecidos psiquiatras que têm descrito os sintomas de seus transtornos mentais), e seu comportamento público assim se manifesta e revela seu crescente e enorme medo da morte.
As lágrimas presidenciais que salpicaram em cadeia nacional em 3 de abril passado, transmitidas pela TV do Palácio Miraflores, quando promulgou a Lei Orgânica do Trabalho e designou os membros do Conselho de Estado, demonstraram incapacidade e falta de maturidade para encarar com fortaleza e serenidade seu previsto desenlace fatal. A mudança do slogan revolucionário, que proclamava "Patria, socialismo o muerte", pelo de "Patria, socialismo, venceremos", foi um subterfúgio para tentar exorcizar o medo que lhe consome a alma só em mencionar a palavra ‘muerte’.
Chávez sofre uma grande depressão, não aguenta ficar de pé por mais de alguns minutos. No último fim de semana, quando se despedia de Raúl Castro, no aeroporto José Martí, em Havana, irrompeu em pranto.
Durante o voo de volta para casa não falou com ninguém além dos médicos que lhe aplicaram uma injeção tranquilizante que o fez dormir até que o avião pousou no aeroporto de Maiquetía; desceu do avião sem ajuda, mas caminhou com dificuldade e só conversou, muito preocupado, com o general Rangel Silva. Sua filha, Rosa Virginia – escolhida em Cuba para lhe suceder quando desistir da candidatura, também chorou durante a viagem como a perguntar-se o que seria da Venezuela sem seu papai. À herdeira política espera a missão impossível de endossar os votos do pai no próximo 7 de outubro.
Enquanto isso, a música preferida para a maioria dos venezuelanos é o tique-taque do relógio...
Pragmatismo cruel
Os irmãos Castro vão se desvinculando aos poucos do governo de Chávez. Começam a se acercar da oposição venezuelana. Guillermo Aveledo já os tranquilizou ao negar que os cubanos serão retirados das “missões”. Necessitam chegar a um acordo sobre as remessas de petróleo e demonstram a sua inquietação quanto à possibilidade do "próximo presidente de Venezuela ser um dos nossos prisioneiros".
Pragmatismo cruel
Os irmãos Castro vão se desvinculando aos poucos do governo de Chávez. Começam a se acercar da oposição venezuelana. Guillermo Aveledo já os tranquilizou ao negar que os cubanos serão retirados das “missões”. Necessitam chegar a um acordo sobre as remessas de petróleo e demonstram a sua inquietação quanto à possibilidade do "próximo presidente de Venezuela ser um dos nossos prisioneiros".
Cuba trabalha uma aproximação com os Estados Unidos, gesta uma reunião de seu chanceler com a secretária Hillary Clinton, espera por uma reunião Obama-Raúl: "O problema de nossas relações com os Estados Unidos é Chávez”. “Buscamos uma fórmula para que ele venha a Cuba o menos possível"
E o relógio venezuelano, segue tocando... Tique- taque, tique –taque...
* MARIANELLA SALAZAR, para o jornal venezuelano EL NACIONAL - Tradução de FRANCISCO VIANNA-
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