247 – A informação mais relevante do fim de semana foi publicada pelo jornalista Felipe Patury, em sua coluna na revista Época. Trata-se da nota “Procura-se procurador”, que diz o seguinte: “O PT e o PMDB não desistiram de convocar um procurador para a CPI. Está em tela, agora, José Roberto Santoro. Já fora da ativa, Santoro tomou um depoimento de Carlos Cachoeira em 2004.”
Santoro é um personagem explosivo, conhecido de vários jornalistas investigativos, e que participou ativamente de vários escândalos políticos recentes, que contaram também com a produção dos “estúdios Cachoeira”. Um deles, por exemplo, foi o caso Lunus, que implodiu a candidatura de Roseana Sarney à presidência da República, em 2002.
Depois disso, em 2004, Santoro, como escreveu Felipe Patury em sua nota, tomou um depoimento de Cachoeira. Mas foi uma oitiva completamente atípica. Santoro tentava obter, fora do horário do expediente, na madrugada, as fitas do caso Waldomiro Diniz, sem o conhecimento do então procurador-geral da República, Cláudio Fontelles. Eis o que Santoro disse ao contraventor, numa conversa gravada: “Daqui a pouco o procurador-geral chega, ele chega seis horas da manhã. Ele vai ver o carro, ele vai vir aqui na minha sala... Ele vai vir aqui, e vai ver, tomando um depoimento pra, desculpe a expressão, pra ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República, o homem mais poderoso do governo, ou seja, pra derrubar o governo Lula”.
Cachoeira, com o auxílio de Santoro, tentava forçar o governo Lula a abrir espaço para que a multinacional americana GTech explorasse o negócio de loterias na Caixa Econômica Federal. E, antes de ser publicada em Época, a fita sobre o caso Waldomiro Diniz foi usada como instrumento de chantagem e extorsão. Depois disso, veio a fita com Maurício Marinho, também produzida pelos “estúdios Cachoeira”, que deflagrou todo o processo do mensalão.
Ao tomar o depoimento de Santoro, os parlamentares do PT e do PMDB tentarão encontrar as digitais de Cachoeira nas primeiras denúncias contra o governo Lula. E isso poderá criar um conflito de interesses para o advogado Marcio Thomaz Bastos, que se verá dos dois lados do balcão. De um lado, ele organiza a defesa de vários réus do mensalão. De outro, protege o bicheiro que deu início ao processo.
Mas aquilo que, para muitos advogados seria motivo para um conflito ético, no caso de Thomaz Bastos talvez seja apenas uma janela para embolsar alguns milhões a mais.
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