O brasileiro poupou menos este ano. Pelo menos é o que dizem especialistas sobre a caderneta de poupança, que teve saldo de R$ 30,6 milhões em novembro — o menor desde junho deste ano, quando atingiu R$ 220,4 milhões. Uma das razões é a migração de pequenos investidores para outras modalidades — principalmente para a renda fixa, que vem apresentando bons resultados devido aos juros altos.
“Por causa do crédito facilitado, as pessoas estão consumindo e se endividando mais. O brasileiro costuma comprar mais no final de ano, isso é histórico”, analisa Francisco Carlos dos Santos, professor de finanças e economia da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Para ele, é importante destacar ainda que boa parte da captação da caderneta é de investidores pequenos, “que são os que sentem mais as mudanças no mercado.”
Outras modalidades também vêm chamando a atenção dos pequenos investidores. “O pequeno investidor tem mais coragem de montar um grupo de investimento, que aceitam participações mensais de R$ 100”, aponta Felizardo Barroso, presidente da empresa de Gestão de Ativos Cobrart.
Um concorrente forte para poupança também é o Tesouro Direto, que trouxe um dos melhores rendimentos em 10 anos dentro da modalidade renda fixa. “Vemos as taxas de juros como sendo uma fone de atração muito grande, com rentabilidade maior que a caderneta”, afirma professor do laboratório de finanças da FIA, José Roberto Savoia.
Savoia considera, no entanto, que o principal motivo que levou muita gente a sacar seus recursos na poupança tenha relação maior com o endividamento do brasileiro, que “está devendo cerca de 40% da sua massa de rendimentos”, aponta. “É um número alto. Essa dívida está distribuída entre os produtos como cartão de crédito e cheque especial”, diz.
PessimismoQuestionado sobre a época do ano, que poderia ter impulsionado mais saques do que o normal, Savoia foi mais pessimista. “Diria que nós vamos ter de assistir primeiro a uma mudança do endividamento para voltarmos a ter crescimento dos investimentos de uma formas geral.”
E como o dinheiro aplicado na caderneta de poupança é usado pelos bancos no financiamento imobiliário, é natural que, se todos começarem a sacar suas quantias, uma ponta de dúvida apareça na cabeça do consumidor: será que o financiamento ficará mais difícil? Especialistas não acreditam nisso. “Acredito que ainda é cedo pra dizer isso. Ainda há muito dinheiro investido. Algo como R$ 10 milhões na caderneta poderia se tornar preocupante”, afirma o professor da Fipe Francisco Carlos dos Santos.LIGIA TUON http://www.jt.com.br/seu-bolso/
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