Funcionário da Fifa comenta o envolvimento de Orlando Silva em escândalo. O ministro do Esporte, Orlando Silva, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, na abertura do Seminário das Sedes da Copa do Mundo, no Hotel Grand Bittar, em Brasília - (André Coelho/Agência O Globo). "Se já estávamos preocupados com o andar do processo, agora o cenário pode ser ainda mais difícil", disse um funcionário da Fifa
Funcionários da cúpula da Fifa temem que a grave suspeita de corrupção envolvendo o ministro do Esporte, Orlando Silva, complique de vez as negociações finais sobre o formato da Copa do Mundo no Brasil.
Em entrevista publicada na edição de VEJA desta semana, um militante do PC do B revela detalhes de um esquema que pode ter desviado mais de 40 milhões de reais nos últimos oito anos.
Ele conta que Orlando Silva chegou a receber, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério do Esporte, remessas de dinheiro vivo provenientes da quadrilha.
O Segundo Tempo foi criado pelo governo federal para incentivar crianças carentes a praticar atividades esportivas.
"Verdade ou mentira, essa história não poderia ter vindo em pior momento", afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo um alto funcionário da cúpula da Fifa, que pediu anonimato ao comentar o teor da entrevista do militante do PC do B a VEJA.
"Se já estávamos preocupados com o andar do processo, agora o cenário pode ser ainda mais difícil", disse.
O temor da Fifa, que também enfrenta polêmicas internas de corrupção, é de que todas as decisões que estão pendentes do governo acabem sendo adiadas diante da fragilização do principal interlocutor entre o Palácio do Planalto e Zurique, o próprio Ministério do Esporte.
Nas últimas semanas, os diversos escândalos de corrupção no governo já haviam sido alvo de comentários e preocupações dentro da Fifa.
A cúpula da entidade alerta que não tem qualquer posição sobre a veracidade das denúncias e insiste que "todos são inocentes até que se prove o contrário".
Mas o que a entidade teme é que o assunto crie distúrbios em relação ao trabalho que deve ser feito. Há poucos dias, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, criticou os organizadores brasileiros. Em um evento em Moscou, pediu que os russos "não repitam" os erros do Brasil ao organizar a Copa de 2018.
Negociação
Na terça-feira, em Zurique, o comitê da Fifa encarregado da Copa de 2014 se reúne para chancelar decisões críticas sobre os locais das partidas, estádios e local de abertura do Mundial.
O anúncio oficial será divulgado no final da semana. Nos bastidores, uma série de compromissos legais entre o Brasil e a entidade serão alvo de negociações. Há duas semanas, a presidente Dilma Rousseff esteve reunida com Valcke, em Bruxelas.
Na ocasião, ficou estabelecido que o projeto da Lei Geral da Copa seria modificado. No formato que estava, a Fifa estimava que perderia até 1 bilhão de dólares em renda com ingressos, patrocinadores e contratos comerciais.
Dilma aceitou fazer algumas mudanças, reduzindo os prejuízos da Fifa. Mas bateu o pé em uma série de assuntos, como a meia-entrada para idosos.
Nesta semana, advogados e negociadores tentariam aproximar as posições, com a esperança de que, depois do anúncio das cidades sedes, a Fifa pudesse finalmente revelar a patrocinadores e empresas envolvidas no evento o formato final da Copa.
Com o novo escândalo, a preocupação da Fifa é de que essa negociação fique em segundo plano
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