Nesta terça-feira foi celebrado o Dia Internacional da Língua Materna, estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), desde 1999. Na ocasião, a entidade alertou para o perigo que os idiomas correm, já que, de acordo com a última estimativa da organização, pelo menos 43% das 6.000 línguas catalogadas ao redor do mundo estão ameaçadas de extinção. Só no Brasil, são 190 dialetos em risco, segundo o relatório da Unesco.
Segundo a última estatística da organização, atualizada em 8 de fevereiro de 2017, 2.465 idiomas foram catalogados como ‘em perigo’. A Unesco acredita que, em todo o mundo, 229 línguas já foram extintas desde 1950, dez delas apontadas apenas na última atualização. O Brasil é um dos países com mais línguas ameaçadas, junto aos Estados Unidos (191) e Índia (197). No entanto, a entidade alerta que os números podem ser ainda maiores, visto que ainda há muitas línguas das quais não se obtiveram dados mais concretos.
Para a Unesco, a internet pode ajudar na manutenção desses idiomas, com registros e dicionários. Mas, ainda mais importante para a entidade, é a educação multilíngue, quando o ensinamento começa na língua materna da criança e depois engloba, pelo menos, dois outros idiomas. No entanto, segundo a Unesco, 40% da população mundial não tem acesso à educação em sua língua materna, o que contribui para o desaparecimento de dialetos. O ensino em idiomas dominantes para sociedades de grande diversidade étnica também estaria frequentemente ligado a problemas de desigualdade social e cultural.
Nesse ano, o órgão pediu que a educação mundial inclua a língua materna das crianças, especialmente nos primeiros anos do ensino básico. “Faço um apelo para que o potencial da educação multilíngue seja reconhecido em todos os lugares, nos sistemas educativos e administrativos, nas expressões culturais e nos meios de comunicação, no ciberespaço e no comércio”, disse Irina Bokova, diretora-geral da Unesco.
No caso do Brasil, dos dialetos em perigo, 97 foram categorizados como ‘vulneráveis’ pela Unesco. Nesse caso, a maioria das crianças da etnia fala o idioma, mas ele está restrito a certos domínios. Outras dezessete línguas foram contabilizadas como ‘definitivamente em perigo’ – quando os jovens não aprendem mais a língua materna em casa. Dezenove foram classificadas como ‘severamente em perigo’ – quando a língua só é falada por avós e gerações mais velhas, mas os pais podem entendê-la, apesar de não a falarem entre si ou com seus filhos. Outras 45 estariam em ‘perigo crítico’ – quando apenas os avós entendem a línguas e eles só a falam parcialmente e de vez em quando.
Doze línguas brasileiras foram consideradas ‘extintas’ pelo relatório – quando não se tem conhecimento de falantes vivos. São elas: Amanayé, Arapáso, Huitoto, Krenjê, Máku, Múra, Nukiní, Torá e Yurutí da região amazônica; Umutina, antes encontrada no Mato Grosso, e Xakriabá, do norte de Minas Gerais. (Com informações da VEJA.com)
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