Em um vídeo publicado recentemente no YouTube, possivelmente gravado na região de KwaZulu-Natal, na , um homem negro é forçado a entrar em um caixão e ameaçado de ser queimado vivo por fazendeiros da região.
As imagens, de apenas 20 segundos, tornaram-se virais em todas as mídias sociais do país, reacendendo o debate sobre o conflito racial que continua a destruir a nação.
De acordo com o jornal Daily Mail, milhares de comentários se dividiam entre a verdadeira “vítima” da cena, destacando um país que parece permanecer dividido mesmo após mais de duas décadas do fim do apartheid – período de segregação racial entre 1948 e 1994.
O vídeo parece ter sido registrado pelo celular de um dos fazendeiros. Enquanto o homem é obrigado a entrar no caixão, outro afirma o desejo de jogar um pouco de gasolina nele. Já trancafiado, ouve de seus acusadores que colocarão uma cobra junto a ele, e logo começa a gritar de terror com a notícia.
Durante todo o momento os dois homens gritam palavras em africâner e zulu, esta última falada principalmente por sul-africanos negros e alguns brancos de KwaZulu-Natal, onde a violência entre fazendeiros é comum.
Enquanto a maioria dos usuários na internet tenha condenado a violência por parte dos homens brancos, ressaltando o persistente racismo que permeou a transformação da África do Sul, outras especulam que a vítima esteja sendo justificadamente castigada por representar uma ameaça.
Embora haja um aumento de força policial para conter a crescente ilegalidade, e em meio aos altos níveis de desemprego e pobreza da região, o “vigilantismo” ainda é uma tendência tida como crescente e alarmante.
De acordo com a Comissão Sul-Africana dos Direitos Humanos, a tensão entre brancos e negros parece estar pior do que nunca. Em janeiro deste ano, foram recebidas cerca de 160 queixas relacionadas a racismo, um total mensal considerado elevado nos subsequentes 20 anos após o fim do apartheid.
Grupos brancos alegam que são eles que precisam de proteção, afirmando que é quase duas vezes mais perigoso ser um agricultor branco do que um policial na África do Sul. De acordo com a conservadora Transvaal Agricultural Union, estima-se que cerca de 3.000 ataques violentos e mais de 1.600 assassinatos tenham ocorrido em fazendas desde 1990.
Em 2015, a organização chegou a fazer uma denúncia à ONU afirmando que o grupo representava uma “minoria perseguida”. Embora os brancos representem apenas 9% da população do país, eles ainda conseguem os salários mais altos e dominam as indústrias mais lucrativas.
O Congresso Nacional Africano (ANC), partido atualmente no poder, disse estar tentando aprovar uma lei antirracismo que prevê a prisão de qualquer culpado por “intolerância racial”. Enquanto isso, um grupo de oposição, os chamados Lutadores da Liberdade Econômica, que está cada vez mais popular e radical, convocou “uma cruzada contra a supremacia branca”.
De acordo com Dr. Johan Burger, pesquisador sênior do Instituto de Estudos de Segurança do país, o vídeo poderia ser usado por ambos os lados da divisão racial para apoiar visões extremistas. Em entrevista aoDaily Mail, ele disse haver uma grande quantidade de desafios a serem superados na África do Sul no momento “e o endurecimento definitivo das relações raciais entre pessoas, cada vez mais livres em fazer afirmações racistas nas mídias, está contribuindo para o aumento das tensões”.
Além disso, ele disse estar extremamente preocupado com o fato de o governo estar recorrendo à lei para tentar proibir o racismo. “Não vejo como esta seria uma forma eficaz de aumentar a tolerância na África do Sul” disse, “Isso poderia piorar ainda mais as coisas”. [ Daily Mail ] [ Fotos: Reprodução / Daily Mail ]
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