Bruno Rizzato - Um novo estudo afirma que os vírus podem ser considerados seres vivos e são “irmãos” de ancestrais genéticos dos seres humanos.
Cientistas têm sustentado, há séculos, que os vírus não são seres vivos (já outros, afirmavam que eles eram intermediários entre vivo e morto, gerando grandes debates no meio acadêmico), mas pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, descobriram que vírus e células compartilham centenas de estruturas de proteínas comuns, podendo ser uma evidência sólida de que os dois compartilham relações próximas com nossos antepassados.
De acordo com o pesquisador chefe do estudo, Gustavo Caetano-Anollés, professor de Biologia na Universidade de Illinois, seria possível construir uma árvore genealógica com os vírus, por eles possuírem “todas” as propriedades de células. No estudo, publicado na revista Science Advances, Caetano-Anollés e seu aluno de pós-graduação, Arshan Nasir, argumentam que os vírus eram muito semelhantes às células a partir das quais os seres humanos e os organismos modernos evoluíram.
Historicamente, os cientistas tiveram dificuldade em determinar de onde os vírus vieram, por conta da variedade de tipos e de sua capacidade rápida de evolução ou mutação. Muitos cientistas dizem que os vírus não são ainda parte da árvore genealógica, e não podem estar vivos sem metabolismo que sugira a vida, não podendo se reproduzir de forma independente. Mas esse argumento ignora a maneira de aglomeração viral, argumentam os autores. Quando os vírus infectam as células, assumindo a reprodução, eles agem de forma muito semelhante a muitas bactérias parasitas que são totalmente aceitas como seres vivos. “Os vírus agora merecem um lugar na árvore da vida“, disse Caetano-Anollés.
Os autores dizem que os primeiros vírus coexistiram com células antigas até os primeiros vírus começarem a se adaptar. Eles encolheram até toda a semelhança com seus primos desaparecer, e começaram a envolver-se em proteínas para que pudessem se proteger. No momento em que transformaram-se em vírus modernos – como o Ebola, que tem apenas um ‘punhado’ de genes – eles ficaram praticamente irreconhecíveis.
Os pesquisadores dizem que a metodologia tem algumas deficiências, pois eles usaram como base a estrutura da proteína e não sequências reais, o que significa que padrões de evolução de curto prazo podem ter sido ignorados. Mas os modelos estatísticos que eles usaram poderiam suprir esse tipo de dado.
Em última análise, eles dizem que suas descobertas estabelecem uma base sólida e importante para futuras pesquisas na área. “Esperamos que nosso estudo possa dar início a outras discussões sobre esse tema e que um consenso a respeito da evolução viral seja alcançado em um futuro próximo”, escreveram eles no artigo.[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução /
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