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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

BRASIL: Governo usou dinheiro do povo para salvar Grupo Silvio Santos

Reportagem da revista Época que chega às bancas neste fim de semana dá detalhes sobre a negociação que resultou na venda de ações do banco PanAmericano para a Caixa Econômica Federal.
Análises feitas em documentos que integram a investigação da Polícia Federal sinalizam que o dinheiro arrecadado com a venda de parte de ações do PanAmericano serviu para quitar dívidas de outras empresas do Grupo Silvio Santos, e não para a recuperação financeira do banco.
Leiam abaixo trechos da reportagem de Época:
Em janeiro deste ano, logo depois de concluir a   venda de sua parte no Banco PanAmericano, o apresentador Silvio Santos fez seu   resumo particular do caso: disse que não teve “nem lucro nem prejuízo” com o   escândalo que revelou um rombo de R$ 4,3 bilhões escondido em balanços   maquiados. O desfecho neutro do caso certamente não se aplica à Caixa   Econômica Federal, banco público que meses antes de o escândalo vir à tona   pagou R$ 739 milhões por 36% das ações do PanAmericano, com base em uma   contabilidade que não informava o prejuízo bilionário.
Até pouco   tempo atrás não se sabia o destino da bolada paga pela Caixa ao banco de   Silvio Santos. Em setembro, ele foi indagado pela Polícia Federal se   os recursos foram para o PanAmericano. “Respondeu que acredita que   sim”, registrou o escrivão. Três dias depois, a mesma   pergunta foi repetida a seu irmão, Henrique Abravanel, sócio   minoritário da holding e ex-integrante do Conselho de Administração do   PanAmericano. A resposta: “Tem certeza que os valores foram aportados   no banco”.
As declarações dos irmãos estão tão   erradas quanto os demonstrativos de contabilidade maquiados. Elas   foram desmentidas em depoimento prestado no início de outubro por um   personagem-chave das tratativas com a Caixa. Trata-se de Wadico Waldir Bucchi,   presidente do Banco Central entre 1989 e 1990 e representante oficial de   Silvio Santos na negociação. Ele afirmou ao delegado Milton Fornazari Júnior   que a holding do empresário não transferiu ao PanAmericano o dinheiro   recebido no negócio. A maior parte dos valores, disse ele, foi usada para   pagar dívidas do Baú da Felicidade e da construtora Sisan, que na época faziam   parte do Grupo Silvio Santos – o Baú foi vendido em junho deste ano   para o Magazine Luiza. Alberto Toron, advogado de Silvio e de seu irmão, diz   que o uso do pagamento da Caixa foi feito de forma transparente e negou   qualquer ilegalidade no uso dos recursos para saldar dívidas do grupo.
Um documento que integra a investigação do   Banco Central sobre o caso corrobora as afirmações de Bucchi e mostra   com precisão o destino dos recursos. Um total de R$ 129 milhões foi para o   bolso dos acionistas da holding – Silvio Santos é o majoritário. Outra fatia   (R$ 277 milhões) foi paga diretamente ao Bradesco e ao Itaú para quitar   dívidas do conglomerado do empresário com os dois bancos, como previa o   contrato assinado com a Caixa. Outros R$ 226 milhões foram transferidos para o   Baú da Felicidade pagar suas dívidas. Quantias menos vultosas, com a mesma   finalidade, foram destinadas à Sisan e à Jequiti Cosméticos, também de Silvio.   A Jequiti e o Baú, com o SBT, foram citados no depoimento de Henrique   Abravanel como empresas do grupo que davam prejuízo.
Recapitulando:
Em 2009, a Caixa Econômica Federal pagou R$ 739 milhões por ações do PanAmericano. Um banco quebrado;
O Banco Central sabia qual a situação financeira do banco PanAmericano e mesmo assim aprovou a transação;
O valor pago pela CEF não serviu para a recuperação do banco, mas para o pagamento de dívidas de outras empresas do Grupo Silvio Santos, entre elas o SBT;
Anos antes, em 2006, o PanAmericano – ainda pertencente a Silvio Santos – maquiou doações milionárias que ajudaram a pagar dívidas de campanha do PT, enquanto que doações de menor monta, feitas a outros partidos políticos, foram declaradas oficialmente;
Interceptações de e-mail feitas pela Polícia Federal revelaram uma forte proximidade entre os executivos do grupo Silvio Santos e dirigentes do PT;
É claro que qualquer correlação entre os fatos acima citados será mera coincidência.* Leia a íntegra na Revista Época

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