Reportagem da revista Época que chega às bancas neste fim de semana dá detalhes sobre a negociação que resultou na venda de ações do banco PanAmericano para a Caixa Econômica Federal.
Análises feitas em documentos que integram a investigação da Polícia Federal sinalizam que o dinheiro arrecadado com a venda de parte de ações do PanAmericano serviu para quitar dívidas de outras empresas do Grupo Silvio Santos, e não para a recuperação financeira do banco.
Leiam abaixo trechos da reportagem de Época:
Em janeiro deste ano, logo depois de concluir a venda de sua parte no Banco PanAmericano, o apresentador Silvio Santos fez seu resumo particular do caso: disse que não teve “nem lucro nem prejuízo” com o escândalo que revelou um rombo de R$ 4,3 bilhões escondido em balanços maquiados. O desfecho neutro do caso certamente não se aplica à Caixa Econômica Federal, banco público que meses antes de o escândalo vir à tona pagou R$ 739 milhões por 36% das ações do PanAmericano, com base em uma contabilidade que não informava o prejuízo bilionário.
Até pouco tempo atrás não se sabia o destino da bolada paga pela Caixa ao banco de Silvio Santos. Em setembro, ele foi indagado pela Polícia Federal se os recursos foram para o PanAmericano. “Respondeu que acredita que sim”, registrou o escrivão. Três dias depois, a mesma pergunta foi repetida a seu irmão, Henrique Abravanel, sócio minoritário da holding e ex-integrante do Conselho de Administração do PanAmericano. A resposta: “Tem certeza que os valores foram aportados no banco”.
Até pouco tempo atrás não se sabia o destino da bolada paga pela Caixa ao banco de Silvio Santos. Em setembro, ele foi indagado pela Polícia Federal se os recursos foram para o PanAmericano. “Respondeu que acredita que sim”, registrou o escrivão. Três dias depois, a mesma pergunta foi repetida a seu irmão, Henrique Abravanel, sócio minoritário da holding e ex-integrante do Conselho de Administração do PanAmericano. A resposta: “Tem certeza que os valores foram aportados no banco”.
As declarações dos irmãos estão tão erradas quanto os demonstrativos de contabilidade maquiados. Elas foram desmentidas em depoimento prestado no início de outubro por um personagem-chave das tratativas com a Caixa. Trata-se de Wadico Waldir Bucchi, presidente do Banco Central entre 1989 e 1990 e representante oficial de Silvio Santos na negociação. Ele afirmou ao delegado Milton Fornazari Júnior que a holding do empresário não transferiu ao PanAmericano o dinheiro recebido no negócio. A maior parte dos valores, disse ele, foi usada para pagar dívidas do Baú da Felicidade e da construtora Sisan, que na época faziam parte do Grupo Silvio Santos – o Baú foi vendido em junho deste ano para o Magazine Luiza. Alberto Toron, advogado de Silvio e de seu irmão, diz que o uso do pagamento da Caixa foi feito de forma transparente e negou qualquer ilegalidade no uso dos recursos para saldar dívidas do grupo.
Um documento que integra a investigação do Banco Central sobre o caso corrobora as afirmações de Bucchi e mostra com precisão o destino dos recursos. Um total de R$ 129 milhões foi para o bolso dos acionistas da holding – Silvio Santos é o majoritário. Outra fatia (R$ 277 milhões) foi paga diretamente ao Bradesco e ao Itaú para quitar dívidas do conglomerado do empresário com os dois bancos, como previa o contrato assinado com a Caixa. Outros R$ 226 milhões foram transferidos para o Baú da Felicidade pagar suas dívidas. Quantias menos vultosas, com a mesma finalidade, foram destinadas à Sisan e à Jequiti Cosméticos, também de Silvio. A Jequiti e o Baú, com o SBT, foram citados no depoimento de Henrique Abravanel como empresas do grupo que davam prejuízo.
Recapitulando:
Em 2009, a Caixa Econômica Federal pagou R$ 739 milhões por ações do PanAmericano. Um banco quebrado;
O Banco Central sabia qual a situação financeira do banco PanAmericano e mesmo assim aprovou a transação;
O valor pago pela CEF não serviu para a recuperação do banco, mas para o pagamento de dívidas de outras empresas do Grupo Silvio Santos, entre elas o SBT;
Anos antes, em 2006, o PanAmericano – ainda pertencente a Silvio Santos – maquiou doações milionárias que ajudaram a pagar dívidas de campanha do PT, enquanto que doações de menor monta, feitas a outros partidos políticos, foram declaradas oficialmente;
Interceptações de e-mail feitas pela Polícia Federal revelaram uma forte proximidade entre os executivos do grupo Silvio Santos e dirigentes do PT;
É claro que qualquer correlação entre os fatos acima citados será mera coincidência.* Leia a íntegra na Revista Época
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