O diretor do Centro de Informações sobre a Pena de Morte (DPIC) dos Estados Unidos estima ser pouco provável que a execução de Troy Davis, prevista para a quarta-feira, possa ser evitada, salvo algum novo elemento de último minuto, disse nesta terça-feira à AFP.
A Suprema Corte dos Estados Unidos, que já examinou o caso, necessitaria de um "elemento novo e poderoso" para suspender a execução, disse à AFP Richard Dieter.
O comitê do estado da Georgia rejeitou nesta terça-feira alterar a sentença capital por prisão perpétua. Essa decisão causou uma avalanche de críticas, por conta do amplo apoio dado a Davis na sociedade civil.
Se os defensores de Davis encontrarem uma "razão jurídica para ir à Suprema Corte, como (apresentar) um depoimento novo ou questionar o procedimento da injeção legal (na Georgia), podem conseguir uma liminar para que a execução seja ao menos adiada", declarou Dieter.
A execução de Troy Davis deve ocorrer em uma penitenciária na cidade de Jackson, 77 km a sudeste de Atlanta, onde ele receberá a injeção letal.
Entenda o caso
Negro, Troy Davis foi condenado à morte pelo assassinato de um policial branco, durante uma briga em 1989 em Savannah. Mesmo com o julgamento, houve uma campanha internacional sem precedentes que levou o ex-presidente americano Jimmy Carter, o papa Bento XVI, celebridades e inclusive a União Europeia a pedirem a comutação da pena capital pela de prisão perpétua.
A arma do crime nunca foi encontrada e não foi registrada digital alguma, nem traço de DNA no local do assassinato.
Desde que foi sentenciado, em 1991, sete das nove testemunhas civis se retrataram de suas declarações, alegando coerção ou intimidação por parte da polícia na obtenção dos testemunhos.
Até mesmo um membro do júri presente ao julgamento disse nos últimos anos que não estava certo de ter tomando a decisão correta, quando se soube que as testemunhas se haviam se contradito.
Mas a família da vítima, o policial Mark MacPhail, insiste na culpa de Davis.
"Nós somos as verdadeiras vítimas aqui", declarou na segunda-feira a viúva de MacPhail, Joan, em frente à sede do comitê de indultos em Atlanta, onde disse que ela e seus dois filhos assistirão à execução.
A filha do policial, Madison, de 24 anos, acrescentou, entre lágrimas: "Roubaram meu futuro. Coisas como o meu casamento. Em três anos terei três anos a mais do que o meu pai (quando ele morreu)".Da AFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário