Elio Gaspari, O Globo
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, teve toda razão quando disse que havia uma “baderna” na Esplanada dos Ministérios, com a vandalização de prédios públicos. Infelizmente, não era a única. Era a mais visível e predatória, mas nem era a mais perigosa.
A baderna de um governo sitiado foi pior, indicando que o palácio de Temer começa a funcionar com a lógica do bunker. Isso aconteceu com o de Dilma e deu no que deu.
O maior bunker de todos os tempos foi o de Hitler. Em maio de 1945, com os russos a poucos quarteirões, a cúpula nazista lutava pelo poder até que Martin Bormann triunfou, recebeu o testamento do Fuhrer e foi para a rua. Andou um pouco e tomou um tiro.
Na tarde de quarta-feira o presidente Michel Temer assinou um decreto autorizando o uso das Forças Armadas para manter a ordem na capital. Jungmann disse que a medida havia sido pedida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Falso, retrucou Maia.
Ele pedira o uso da Força Nacional de Segurança. Baderna nº 1, o Legislativo pede uma coisa, e o Executivo entrega outra. Jungmann explicou que chamara a tropa do Exército porque só havia 150 homens da Força Nacional em Brasília. Baderna nº 2, não havia a tropa específica na capital, apesar da tensão em que estava o país.