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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Bahia é estado do Nordeste com maior número de mortes por autoagressões entre adolescentes

Especialistas alertam para sinais
Foto: Getty Images
Entre 2023 e 2024, 143 crianças, adolescentes e jovens entre 10 e 19 anos morreram devido a lesões autoprovocadas na Bahia. Os dados divulgados na segunda-feira (22) fazem parte de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, e mostram que o estado tem os piores índices do Nordeste quando o assunto são os óbitos por autolesões.  Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria * Via G1

Os registros foram feitos por profissionais que atendem adolescentes nessas condições e que devem, obrigatoriamente, seguir o protocolo de notificação.

De acordo com Cefas Gonçalves Pio de Oliveira, pediatra especializado em atendimento a adolescentes e vice-presidente da Sociedade Baiana de Pediatria, nem todo jovem que comete autolesões tem a intenção de tirar a própria vida. Porém, a ausência do diagnóstico e de acompanhamento psicológico pode fazer o quadro evoluir para uma tentativa de suicídio no futuro.

“Esse paciente tem maior chance de cometer suicídio no futuro. Precisamos ficar atentos a como detectar as autolesões, porque muitas vezes eles não chegam no consultório com essa queixa”.

Óbitos por lesões autoprovocadas na Região Nordeste
Estado Número de casos entre 2023 e 2024
Bahia 143
Ceará 110
Pernambuco 88
Maranhão 72
Rio Grande do Norte 46
Piauí 46
Paraíba 44
Alagoas 38
Sergipe 29
Total 616

Como identificar casos de autolesões
O pediatra conta que os adolescentes costumam chegar no consultório acompanhados dos familiares e com outras queixas de saúde, a exemplo de dor de cabeça. Durante a consulta, ao perceber sinais de autolesão, é orientado que a família procure um psicólogo e um psiquiatra para dar andamento ao tratamento.

Brasil tem uma tentativa de suicídio ou autolesão entre adolescentes a cada 10 minutos
Segundo a psicóloga Ana Paula Carregosa, pessoas leigas costumam classificar as autolesões como uma “forma de chamar atenção”. Mas, para esses adolescentes, o ato funciona como estratégia compensatória para lidar com situações de conflito.

“Pode funcionar como uma autopunição, como como uma forma de regular uma sensação ou sentimento desagradável e até como um pedido de ajuda”.

Neste contexto, alguns sinais podem ser observados pelos familiares e amigos:
uso de casacos mesmo no calor;
marcas de queimaduras e arranhões no corpo;
mudanças de comportamento de forma abrupta.
Ao perceber as lesões, é importante estabelecer uma comunicação acolhedora com o adolescente, validando seus sentimentos e demonstrando preocupação com a situação. “Não é indicado conversar de forma punitiva ou invasiva, é preciso acolher esse adolescente”, ressaltou a psicóloga.

Na terapia, o adolescente vai ser acolhido pelo profissional e vai poder conversar de forma aprofundada sobre o que o leva a provocar a autolesão.

“A terapia vai proporcionar educação emocional, estratégias para manejar crises e aumento do repertório de habilidades sociais. Ele vai aprender como lidar com sensações e sentimentos desagradáveis de forma saudável”, pontuou a psicóloga.
Além disso, a especialista destaca a importância dos familiares envolvidos na criação do adolescente também serem acolhidos nesse processo, afinal, assuntos como ansiedade e depressão começaram a ser abordados recentemente e muitos desses adultos não tiveram acesso à educação emocional.

Para Ana Paula, a família deve ser um ponto de apoio e trabalhar junto com o adolescente em prol da melhora da saúde mental.

Dados a nível Brasil
A cada dez minutos, um adolescente comete algum tipo de autolesão ou tenta tirar a própria vida no Brasil.

Na pesquisa, São Paulo aparece como o estado com mais notificações de autolesões, com 24.937 registros. Na sequência, vem Minas Gerais, com 10.645, seguido do Paraná, com 8.417.

Em números absolutos, o Sudeste lidera o ranking nacional, com quase 47 mil casos. A região Sul aparece na segunda posição, com 19.653 registros, e o Nordeste, com 19.022 casos, na terceira.

Segundo os especialistas, o problema pode ser ainda maior do que indicado na pesquisa, pois há possibilidade de subnotificação por falhas no preenchimento ou na comunicação das ocorrências.

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