O medicamento é o mais indicado pela OMS para o tratamento da fibrose cística e agora será integrado ao SUS
Foto: Pixabay
O Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) o medicamento Trikafta, usado para tratamentos de fibrose cística. O remédio é importado, tem aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o preço médio é de R$ 34 mil a caixa com 28 comprimidos. Por Monique de Carvalho / SNB
Uma caixa equivale a um mês de tratamento. Cada paciente precisa de 13 caixas por ano. A portaria que estabeleceu a inclusão do Trikafta no rol de itens ofertados gratuitamente pelo SUS foi assinada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, Carlos. A. Grabois Gadelha.
“A inclusão desse fármaco, de alto custo, no SUS é de fundamental importância. Isso vai ajudar muitas pessoas que sofrem com a doença e dar a elas mais qualidade de vida”, disse Jannaina Ferreira de Melo Vasco, biomédica, membro da diretoria do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6), ao Só Notícia Boa.
Ajuda a pacientes
O Trikafta é uma combinação de três fármacos: o elexacaftor, o tezacaftor e o ivacaftor. O composto já recebeu recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
O prazo para disponibilização no SUS é de 180 dias, a partir da publicação da portaria no Diário Oficial da União.
A estimativa é que aproximadamente 1.700 pacientes que tenham indicação ao uso do medicamento consigam obtê-lo gratuitamente.
Eficácia comprovada
De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento com o Trikafta melhora a função pulmonar e o estado nutricional.
O manuseio correto e frequente do medicamento pode reduzir as internações hospitalares e retirar pacientes da fila de transplantes.
Outros benefícios do medicamento é que ele atua na causa base do problema, normaliza a produção e eliminação do muco das vias respiratórias, diminui a inflamação, exacerbações e infecções recorrentes e melhora a função pulmonar.
Tratamentos para fibrose cística
Apesar de não ter cura, há tratamento para a fibrose cística. Na maioria dos casos envolve o uso de medicamentos, enzimas pancreáticas, vitaminas, suporte nutricional, realização de fisioterapia respiratória, inalações, prática regular de atividades físicas e acompanhamento multidisciplinar frequente.
A doença também é conhecida como Mucoviscidose ou Doença do Beijo Salgado, e atinge mais de 6 mil pessoas no Brasil e mais de 160 mil em todo o mundo.
É o caso da psicóloga Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, diagnosticada com a doença aos 23 anos. “Tinha muita tosse e infecção respiratória. Quando soube do diagnóstico, dei ‘graças a Deus’. O pior é ficar sem saber o que aflige a saúde”, conta.
Verônica comemora a implementação do tratamento no SUS.
“A vinda deste medicamento pelo SUS significa um marco, uma grande conquista para quem tem a doença. A fibrose cística é parte do que somos, mas nunca o limite do que a gente pode ser”, enfatizou.
Na última década, os pacientes com fibrose cística tiveram melhora significativa na saúde e qualidade de vida.
“Isso foi possível graças ao crescente aperfeiçoamento na área da engenharia genética, que possibilitou tanto o avanço no diagnóstico – com a possibilidade de realização do exame genético que auxiliou na classificação das mutações – quanto os progressos no tratamento”, ressaltou a biomédica Jannaina.
Apoio do SUS
O SUS conta com uma rede estruturada que permite rastreamento, diagnóstico precoce, monitoramento e assistência aos pacientes de fibrose cística, sendo 75% deles menores de 18 anos de idade, dada a mortalidade precoce dos acometidos pela doença no Brasil.
A doença é considerada rara, com uma prevalência estimada em 1 a cada 10 mil nascidos vivos no país. Por se tratar de uma condição genética, acompanha o paciente desde o nascimento e não é adquirida ao longo da vida.
Teste do Pezinho e Teste do Suor
O Teste do Pezinho é o responsável pelo diagnóstico precoce e deve ser feito entre o terceiro e o quinto dia após o nascimento da criança. Porém, ele sozinho não confirma a doença. Quando esse exame vier alterado, é necessário realizar também o Teste do Suor, para confirmar ou descartar a doença.
O Teste do Suor é considerado o exame padrão ouro para o diagnóstico da fibrose cística, é simples, indolor, não invasivo, pode ser feito em qualquer fase da vida e pode ser realizado em hospitais e laboratórios de todo o Brasil.
“Quanto mais levarmos informações sobre as formas de diagnosticar a doença, os cuidados diários e essa novidade que o SUS vai disponibilizar, mais ajudaremos as pessoas que sofrem e precisam de apoio em seus tratamentos”, complementou Jannaina Ferreira.
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