Vieira afirmou que, enquanto mais de 8 mil palestinos foram mortos em Gaza, incluindo 3 mil crianças, "o Conselho de Segurança faz reuniões"
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU, nesta segunda-feira (30), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez fortes críticas em nome do Brasil. O chanceler disse que o conselho tem “repetida e vergonhosamente fracassado” em sua resposta ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. A declaração ocorre na véspera do fim da presidência brasileira do órgão.
Vieira afirmou que, enquanto mais de 8 mil palestinos foram mortos em Gaza, incluindo 3 mil crianças, “o Conselho de Segurança faz reuniões e ouve discursos, sem ser capaz de tomar uma decisão fundamental: acabar com o sofrimento humano em terreno”.
Ele fez um apelo para que os membros mostrem vontade política para fazer concessões e sejam “minimamente equilibrados e inclusivos em seu diagnóstico” e próximos passos.
O pedido mira, novamente, os membros permanentes, sobretudo EUA e Rússia. Enquanto americanos são fortes aliados de Israel e vêm sendo criticados pelo apoio a Tel Aviv diante do desastre humanitário em Gaza, russos são acusados de não trabalharem por uma solução, apresentando resoluções unilaterais com objetivo meramente retórico.
“Tanques e tropas estão no terreno em Gaza, e o tempo para agir está acabando. Minhas perguntas a todos vocês são: se não agora, quando? Quantas vidas mais serão perdidas até que nós finalmente passemos do discurso para a ação?”, questionou o brasileiro.
Desde a eclosão do conflito, quatro resoluções foram propostas no órgão mais importante da ONU: duas pela Rússia, que não obtiveram o número mínimo de votos, uma pelo Brasil, vetada pelos EUA, e uma americana, vetada por Rússia e China.
“Nós continuamos em um impasse em razão de divergências internas, particularmente entre alguns dos membros permanentes, e graças ao uso persistente do Conselho para alcançar seus próprios propósitos, em vez de colocar a proteção de civis acima de tudo”, disse o ministro, em alusão ao embate entre americanos, chineses e russos.
Os três países, mais França e Reino Unido, têm assento permanente no Conselho e, portanto, poder de vetar resoluções. Os europeus, no entanto, não fazem uso do instrumento desde 1989. Com o acirramento do antagonismo entre Washington, de um lado, e Moscou e Pequim, de outro, a guerra de vetos tem levado o Conselho a uma paralisia nos principais conflitos atuais: Ucrânia versus Rússia e Israel versus Hamas.
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