Mariana Alvim - Da BBC News Brasil em São Paulo
A pasta da Defesa foi criada em 1999 e era tradicionalmente chefiada por ministros civis, mas passou a ser comandada por militares no governo Michel Temer (2016-2018)
O ex-presidente Michel Temer (MDB) inaugurou um ponto fora da curva no período democrático ao colocar um militar, e não mais um civil, à frente do Ministério da Defesa. Mas o presidente Jair Bolsonaro tomou um passo ainda mais atípico ao apontar e depois demitir um general como titular da pasta, conforme fez nesta segunda-feira (29/3) com o agora ex-ministro Fernando Azevedo e Silva.
Essa é a avaliação do cientista político João Roberto Martins Filho, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Pesquisador especializado em Forças Armadas e na ditadura militar, ele classifica à BBC News Brasil como ousadia a decisão do presidente.
Para Filho, a sucessão de acontecimentos dos últimos dias pode levar a um movimento de saída de militares da base de apoio a Bolsonaro.
"É uma prerrogativa do presidente demitir um ministro de Estado — sim, é, só que esse era um ministro militar. Os primeiros dez ministros da Defesa (após a redemocratização) foram civis, e nunca houve problema em substituir. Agora, se você põe um general para comandar o Ministério da Defesa e ele é demitido, cria-se uma crise militar", explica o pesquisador, autor dos livros Movimento estudantil e ditadura militar e O palácio e a caserna.
"Espanta a ousadia do Bolsonaro em demitir um general. Não tem nada de normal nisso, é uma crise mesmo. A base militar, a principal base desse governo, a mais estruturada, está sendo abalada pelas ações do próprio presidente", diz, caracterizando Bolsonaro como "absolutamente imprevisível e instável".
A substituição de Fernando Azevedo e Silva pelo general Walter Souza Braga Netto, que estava na Casa Civil, foi uma das seis trocas realizadas pelo governo em ministérios na segunda-feira. Mais em https://br.noticias.yahoo.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário