por Pedro Venceslau, Ricardo Galhardo e Jonathas Cotrim | Estadão Conteúdo
Lideranças do PT mineiro admitem a possibilidade de substituir o governador Fernando Pimentel, pré-candidato à reeleição, pela presidente cassada Dilma Rousseff na disputa pelo governo do Estado. A proposta é tratada nos bastidores do partido, que já fez sondagens com membros de legendas aliadas, mas sofre resistência da ex-presidente. Por ora, Dilma rejeita a ideia de assumir a candidatura a governadora. Ela é pré-candidata a senadora. No dia 28, Dilma terá uma reunião com as bancadas estadual e federal do PT-MG. Será a primeira grande reunião dela com o partido para falar sobre as eleições. A expectativa de lideranças importantes do PT-MG é que o tema entre na pauta. "Nosso candidato ao governo é o (Fernando) Pimentel, com Dilma sendo nossa pré-candidata ao Senado, por enquanto. Vamos debatendo. O processo eleitoral é dinâmico", disse o deputado petista Reginaldo Lopes (MG) à reportagem. Segundo o parlamentar, esse debate interno "ainda" não começou, mas a decisão final será de Pimentel. A ex-presidente mudou seu domicílio eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas Gerais no limite do prazo legal a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma soube das articulações por meio da imprensa. Em suas redes sociais, ela rechaçou qualquer possibilidade de assumir o lugar de Pimentel, seu amigo pessoal desde a adolescência, na disputa estadual. Sem saber que a possibilidade é cogitada por seus próprios companheiros de partido, Dilma classificou a articulação como "fake news" e atribuiu os boatos aos adversários. "Não há hipótese de eu ser candidata ao governo de Minas. É a própria fake news dos interessados em evitar uma nova derrota nas urnas, como em 2014", escreveu a presidente cassada. Em caráter reservado, integrantes da direção do PT mineiro disseram temer que o desgaste de Pimentel leve a sigla ao isolamento em Minas Gerais. A avaliação é que Dilma seria uma "tábua se salvação" para o partido, já que ela estaria bem colocada nas pesquisas feitas para consumo interno. Pimentel enfrenta forte desgaste tanto pelas acusações que responde na Justiça quanto pelo desempenho do governo. Ele é réu em ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposto caixa dois na campanha eleitoral de 2014. Além disso, nos últimos meses, o governador virou alvo de setores importantes do funcionalismo, como os professores, devido a atrasos no pagamento de salários. Pimentel também enfrenta atritos com prefeitos mineiros, inclusive de partidos de sua base na Assembleia Legislativa, por falta de repasses aos municípios. O governador não compareceu ao 35.º Congresso da Associação Mineira de Municípios realizado nesta quarta-feira (20) em Belo Horizonte. O nome do governador foi vaiado pelo público do evento formado por prefeitos, vice-prefeitos e vereadores quando o mestre de cerimônias anunciou sua ausência. Ele foi o único pré-candidato a faltar. Um dia antes, Pimentel estava em São Paulo, onde almoçou com o ex-prefeito Fernando Haddad e com o ex-ministro Walfrido Mares Guia em um bistrô francês no sofisticado bairro dos Jardins. Segundo interlocutores, o assunto do almoço foi a eleição presidencial. Auxiliares de Pimentel rejeitam a ideia de substituição e dizem que a possibilidade de o governador não ser candidato à reeleição é menor do que a de Dilma ser barrada na disputa ao Senado. Dirigentes petistas, no entanto, confirmam a articulação e citam o nome do empresário Josué Gomes da Silva (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar, como alternativa. Apesar de comandar a máquina estadual, Fernando Pimentel ainda não conseguiu atrair partidos grandes e médios para sua coligação. O senador Antonio Anastasia, pré-candidato do PSDB ao governo, já articulou o apoio do PPS, PSD e PSC. No próximo dia 26, o PTB deve anunciar oficialmente o apoio ao pré-candidato tucano ao governo de Minas. Já Fernando Pimentel está próximo apenas do PSDC e PMN. Procurada pela reportagem, a presidente do PT-MG, Maria Aparecida de Jesus, disse que Dilma vai disputar o Senado.
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