por Fernando Duarte*Foto: Reprodução/ YouTube
Depois da turbulência que tornou 2016 um marco negativo para a história política brasileira, com direito a um impeachment questionável do ponto de vista jurídico, a expectativa pelo ano seguinte deveria ser otimista. Não foi. A política do ano de 2017 foi regida por um nível de realidade próximo de uma cédula de R$ 3. A cada novo momento, uma surpresa mais negativa para aqueles que acreditavam na maturidade da democracia brasileira. Especialmente depois que o presidente da República, Michel Temer, foi gravado em uma conversa pouco adequada com o presidente do Grupo JBS, Joesley Batista. “Tem que manter isso” foi a frase que, infelizmente, marcou o país. Desde que a gravação veio a público, a Câmara dos Deputados manteve Temer no cargo, mesmo que ele tenha sido denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República. A mesma Câmara aprovou uma reforma trabalhista com diversos retrocessos e ainda ganhou o aval do Senado para que o texto entrasse em vigor. Por pouco, a reforma da previdência foi postergada para discussão em 2018 e, por se tratar de ano eleitoral, será retalhada para evitar maiores prejuízos nas urnas. Enquanto o Congresso Nacional parava para discutir denúncias e reformas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pelo juiz Sérgio Moro e passou a adotar, mais do que nunca, o discurso de mártir. Quer chegar no próximo ano em condições competitivas ainda que uma confirmação da condenação em segunda instância aconteça e tem amplo apoio da esquerda para conseguir seu intento. Além de Lula emergindo mais uma vez, o Brasil assiste ao constrangimento de Jair Bolsonaro pontuar bem em pesquisas eleitorais, ainda que mantenha um discurso misógino, sexista, homofóbico e mais uma série de adjetivos que não vale a pena elencar. Com Executivo e Legislativo sob desconfiança, restaria o Judiciário como um colete salva-vidas para evitar o naufrágio total da república tupiniquim. Eis que, nesse ambiente, sobram ações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, libertando mais acusados de corrupção do que os incrédulos poderiam imaginar. Sim, um ministro do STF se tornou um dos protagonistas do noticiário político e não teve o menor pudor de fazê-lo. Como 2018 deve ser um ano regido por Xangô, vamos torcer para que a justiça prevaleça e o Brasil supere os imbróglios envolvendo “Temeres”, “Joesleys”, “Lulas”, “Bolsonaros”, “Gilmares” e todos os atores que possam afastar o país dos trilhos da democracia... Este texto integra o comentário desta sexta-feira (29) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM.
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