Maria Silvia era presidente do BNDES à época | Foto: Beto Barata/ PR
Após melhorias no áudio da conversa entre o presidente Michel Temer com o sócio da JBS, Joesley Batista, gravado secretamente pelo empresário, a PF encontrou indícios de que o peemedebista disse ter pressionado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em favor da companhia. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, durante a conversa, Joesley afirma ter ouvido do ex-ministro Geddel Vieira Lima que houve empenho e esforço com "o BNDES e aquela operação lá". No trecho que os peritos da PF informam ter recuperado agora, o presidente responde: "Sabe que eu fui em janeiro pressionar". No contexto, a análise do áudio aponta que a pressão foi aplicada sobre a então presidente do BNDES, Maria Silvia Marques Bastos – um pouco depois, na gravação, o peemedebista acrescenta: "Muito recentemente eu a chamei, porque ela tá travando muito crédito", segundo a transcrição feita pelos peritos da PF. "Eu chamei e ela veio me explicar", completa Temer, que reproduz o diálogo com Maria Silvia. "Aquele [ininteligível] da JBS, deu para fazer [ininteligível]?", perguntou Temer, segundo o relatório da PF. "Nós fizemos de outro jeito que deu certo", disse a presidente do BNDES, conforme aponta o relatório. A JBS anunciou um plano de reestruturação em 2016, mas teve de cancelá-lo após o veto do BNDES – o braço de investimentos da instituição, o BNDESpar, é sócio da JBS. A família Batista planejava transferir a sede da empresa para a Irlanda, de forma que a operação brasileira se tornasse uma subsidiária. A companhia lançaria ações da nova JBS na Bolsa de Nova York. O plano foi divulgado no dia 11 de maio de 2016, um dia antes de Michel Temer assumir interinamente a Presidência da República, após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) pelo Senado. Sem o aval do BNDES, a JBS abandonou a ideia no final de outubro. Na última semana, o banco afirmou que Maria Silvia tratou do assunto com Temer em um encontro no dia 24 de outubro de 2016, quando teria comunicado ao presidente a decisão de vetar a transação. Ela negou, no entanto, ter sofrido pressões. Segundo a instituição, esse foi o único encontro para tratar do assunto. A Presidência não quis comentar os trechos da gravação recuperados pela PF. BN
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