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terça-feira, 9 de maio de 2017

Em pagamento de juros, Brasil só perde para Líbano, Gâmbia e Iêmen

por Carlos Drummond - Encargos semelhantes aos brasileiros só existem em países arrasados por conflitos e com reservas irrisórias

Thierry Gouegnon/Reuters/Zuma Press/Fotoarena
O ex-presidente Yahya Jammeh, de Gâmbia, o país recordista em juros altos, fugiu levando todo o dinheiro público e carros de luxo

O governo e o Banco Central consideram os juros exorbitantes uma necessidade inevitável, mesmo na recessão, mas as taxas praticadas são, claramente, uma escolha política que custa ao Brasil um preço muito alto em termos de crescimento econômico, emprego, desenvolvimento e progresso social, analisam os técnicos do respeitado think tankprogressista Center for Economic and Policy Research (CEPR), dos Estados Unidos.

O pagamento de juros da dívida pública em 2016 corresponde a 7,6% do Produto Interno Bruto, o quarto maior encargo dentre 183 países, mostra o estudo intitulado “A Enorme Taxa de Juros do Brasil: Será que os brasileiros conseguem suportá-la?”, publicado neste mês. Os encargos da dívida pública só são inferiores àqueles do Líbano (9,15% do PIB), de Gâmbia (8,81%) e do Iêmen (8,36%), “assolados por conflitos civis e outros fatores de risco que aumentam sua probabilidade de inadimplência.

O Brasil, ao contrário, apresenta pequeno risco de inadimplência e, com 360 bilhões de dólares em reservas internacionais (décimo maior estoque do mundo), há pouca probabilidade de sofrer uma crise em seu balanço de pagamentos, o qual poderia conduzir a uma inflação galopante”, chamam atenção Mark Weisbrot, Jake Johnston, Julia Villarruel Carrillo e Vitor Mello, autores do trabalho. 

No ranking dos juros altos, o destaque negativo é semelhante ao do campeonato dos encargos da dívida. Entre 2003 e 2015, segundo os pesquisadores, a política econômica manteve a taxa real brasileira em 6,35%, a quinta maior do mundo, dentre 68 países com dados do período divulgados. Os poucos com taxas mais altas, como Gâmbia (12,82%), Tadjiquistão (12,67%), Belize (10,19%) e República Democrática do Congo (9,11%), não se enquadram na mesma categoria do Brasil em relação aos diferentes fatores capazes de afetá-las e a maior parte passou por períodos turbulentos por conta de guerras civis. 

A singular política de taxas de juros é a parte principal dos erros da política econômica e acena com mais um longo período de baixo crescimento. O País encaminha-se para reproduzir, em versão piorada, a década perdida dos anos 1980, alertam os pesquisadores. Entre 1980 e 2003, o PIB per capita subiu menos de 0,2% anuais. No período de 2003 a 2011, cresceu com vigor, para uma média anual de 3,3% ao ano. De 2011 a 2016, porém, a variação foi negativa, com queda média anual de 1,3%. LEIA MAIS

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