Quem gosta de estar atualizado com as notícias do dia a dia do Brasil tem de estar preparado para as surpresas que aparecem nos sites de veículos de comunicação. Há sempre alguma novidade, muitas delas causando espanto e até indignação. E algumas surpreendem por ter origem em palavras ou atitudes mão previstas em face do grau de responsabilidade que possui o autor da "façanha". Agora foi a vez do desembargador federal Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região. Numa suspeita atitude de beneficiar o pedido de revogação da prisão do ex-presidente da Eletronuclear, Othon Silva, condenado a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa, o meritíssimo magistrado disse que as palavras gorjeta a propina significam a mesma coisa, alegando que em espanhol é assim. Como assim? Mudaram nosso idioma e não ficamos sabendo? Acontece, ministro, que aqui no Brasil "propina" é uma quantia em dinheiro que é oferecida a alguém em troca de algo geralmente ilícito. Já "gorjeta" é também uma quantia em dinheiro com que se gratifica alguém por um serviço prestado, porém lícito;
Se a teoria do desembargador Ivan Athié for acatada pela Justiça haverá festa e muita alegria por parte dos implicados na Operação Lava-Jato, porque os milhões e, em alguns casos, bilhões de reais desviados dos cofres públicos e de estatais como a Eletronuclear e principalmente a Petrobras serão comparados, por exemplo, a uma gorjeta dada a um garçom pelo bom atendimento num restaurante. Era só que faltava. A tese do desembargador é, no mínimo, de total irresponsabilidade. As propinas causaram, e ainda causam, enormes prejuízos à população, uma vez que tais "gorjetas" deixaram de ser aplicadas principalmente em serviços de Saúde, Educação, Segurança e Transporte. Mais uma vez fica bem claro que tudo gira em torno do famigerado foro privilegiado, que já passou da hora de ser extirpado da legislação brasileira. por Airton Leitão
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