Peterson Paulo Prestes já fez mais de quinze cirurgias em quatro anos, e todas na Bolívia. Na última terça-feira, o cuiabano foi um dos entrevistados do programa Profissão Repórter, da Rede Globo, para falar sobre as intervenções cirúrgicas e todo o trajeto que faz da capital mato-grossense até Santa Cruz de La Sierra, onde foi operado todas as vezes. Fonte: Olhar Direto
Em entrevista ao Olhar Conceito, ele conta que a primeira plástica foi feita em 2011: “porque eu era muito gordinho e pelo fato de ter sofrido tanto bullying, que naquela época na escola não era nem bullying né? Era xingamento mesmo”.
A ideia de operar na Bolívia veio pela indicação de uma prima de Peterson, médica, que tinha colocado silicone nos seios em Santa Cruz. O então estudante de jornalismo foi até a cidade boliviana e fez uma abdominoplastia com lipoescultura e papado.
“Me recordo que eu demorei quase dois anos juntando dinheiro, juntando 4 mil reais, que naquela época por conta do dólar eu paguei em torno de dois mil dólares”, comenta. Depois da intervenção, Peterson ainda ficou na clínica durante vinte dias, e logo depois já estava de volta ao Brasil para trabalhar.
Da primeira cirurgia até 2015 o caminho foi longo: desvio de septo e rinoplastia, prótese de glúteo, outra lipoaspiração, aplicação de botox, fiz aplicações de ácido hialurônico, carboxiterapia (para retirar microvarizes), mais uma lipo, aplicação de colágeno no lábio superior e no bigode chinês e por aí vai.
Apesar de não ter tido nenhum tipo de complicação em decorrência das cirurgias, Peterson reconhece que é uma exceção. Ele afirma que muitos pacientes que passam por dificuldades, ou até mesmo ficam com sequelas ou vem a falecer, tem 50% de culpa:
“O problema maior das cirurgias plásticas no exterior e principalmente em Santa Cruz é por causa dos próprios brasileiros que saem daqui pra fazer cirurgia com o pensamento de gastar pouco”, afirma, “O paciente vai, faz a cirurgia, chega lá e não pesquisa um lugar que é bom, faz com qualquer profissional”.
Além disso, outro motivo frequente do fracasso das cirurgias plásticas, segundo Peterson, é que os pacientes não seguem as ordens médicas durante a recuperação: “Cirurgia é uma coisa muito complicada, eu sempre falo pra todo mundo, é um risco como se você atravessasse a rua, viesse um carro e batesse em você. Então, tudo depende muito do organismo, da pessoa, da vida que ela leva, do que ela consome, dos seus vícios diários…”
Em todas as suas viagens a Santa Cruz, Peterson fez as cirurgias somente em uma clínica, que ele afirma que tem a equipe médica 100% brasileira. “Existem muitas clínicas clandestinas, existem muitos “açougueiros”, modo de falar… carniceiros, clínicas que operam de 12 a 15 pessoas por dia”, conta. Muitas pessoas se arriscam nestes lugares pelo preço mais baixo.
Mesmo procurando locais adequados, o preço pode ser menos da metade na Bolívia do que seria por aqui. A próxima intervenção que Peterson quer fazer, implante capilar, chega a custar R$25 mil no Brasil, enquanto nos vizinhos o custo cai para R$7 mil.
O cuiabano afirma que tudo na Bolívia é importado, mas mesmo assim, por causa do baixo imposto, fica mais barato: “Um exemplo é essa cinta que é usada pra pós-cirúrgico, aqui no Brasil você vai pagar R$ 60, R$ 80, R$ 90… lá custa R$ 20 nas feiras. E é brasileira e é marca original, com selo e tudo, porém por conta dessa coisa de imposto de renda acaba sendo mais barato lá”, explica. Segundo ele, o preço também é mais baixo pela desvalorização da moeda boliviana.
Pela facilidade de pagamento, o Brasil se tornou recordista mundial, com 1,5 milhão de cirurgias por ano. “Hoje em dia cirurgia plástica virou um comércio muito amplo porque tanto no Brasil quanto no exterior você parcela, paga carnê, consórcio”, comenta Peterson. O que antes era restrito às altas classes, hoje pode ser feito por grande parte da população.
Peterson acredita que tanto pela facilidade no preço, quanto pela maior preocupação (tanto de homens quanto de mulheres) com a aparência, o número de cirurgias continua aumentando. Para ele, no entanto, é preciso saber a hora de parar: “É igual tatuagem, se você não tomar cuidado você quer fazer uma todo ano. Você fica procurando imperfeições no seu corpo e sempre vai encontrar, porque ninguém é perfeito”, explica.
E mesmo quem faz pode não se contentar totalmente com o resultado: “É igual fazer um jogo, tem que apostar, pagar, jogar e ver se você vai ganhar. Porque se você perder, das duas uma, ou você desiste desse jogo da beleza ou você dá sequência nisso por um tempo”, finaliza. Fonte: Olhar Direto
Nenhum comentário:
Postar um comentário