Foto: Jefferson Peixoto / Agência Senado
A estudante universitária Maria Aparecida Nery de Melo, 19, denunciou à Polícia Civil em Boa Vista (RR) no final do ano passado, que o senador Telmário Mota (PDT-RR) a agrediu com chutes e socos, levando-a ao desmaio. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, a jovem relata que conviveu maritalmente com o congressista durante três anos e meio e que agora sofre “ameaças de morte”. A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Verlânia Silva de Assis, afirmou que a denúncia foi caracterizada como “violência contra a mulher”. O exame de corpo de delito apontou “múltiplas lesões” na cabeça, boca, orelha esquerda, região dorsal, braço direito e joelho esquerdo. "É complicado você imaginar que alguém se lesionaria para prejudicar alguém", diz a delegada. O deputado nega as acusações: "Não teve negócio de agressão, não existe isso, em nenhum momento, até porque não tenho nada com ela", afirmou. Em novembro, o senador foi à tribuna da Casa para pedir a "agilização" de "todos os projetos de lei e outras proposições que digam respeito ao combate à violência contra a mulher e coloque na cadeia os agressores valentões". Segundo o boletim de ocorrência, Maria atribuiu as agressões a um acesso de ciúmes do senador durante um encontro com a família de Maria, após não ter gostado da forma como ela foi cumprimentada por familiares. Ele teria levado a jovem a um quarto, onde a espancou. Maria contou que teve a boca tapada para que a família não ouvisse gritos ou pedidos de socorro. Folha teve acesso a uma gravação na qual ela aparece com um ferimento arroxeado no braço direito e marcas no pescoço e na orelha. Ela disse que acordou às 4h, conversou com os familiares, para decidir o que fazer. A ocorrência foi registrada cinco dias depois. Duas ações da jovem foram notadas pelos policiais. Uma delas foi uma tentativa de retirar a queixa dias após o registro. A delegada negou, porque denúncias como essas são consideradas "incondicionadas", independentes da vontade da vítima. Na sequência, no dia 22 de janeiro, ela destituiu o advogado responsável, por escrito. "Não tenho dúvida sobre os fatos narrados na primeira oportunidade que procuramos a polícia. Ela contou a verdade", afirmou o advogado. Além de negar as agressões, Telmário acusa adversários de inventarem as acusações, usando Maria. "Não teve negócio de agressão, não existe isso, em nenhum momento, até porque não tenho nada com ela. [Não agredi] nem ela nem mulher nenhuma. Fui criado pela minha mãe. Agora, macho, não. Macho vou pra porrada mesmo. Desafio [provar], 58 anos e nunca houve [agressão a mulher]. Desafio. Inventaram essa onda toda, essa conversa", afirma. Ele classifica a jovem como “uma velha conhecida” e negou que ela trabalhasse para ele de forma direta. "Ela trabalhava. Era militante do PDT. Mas não trabalhava direto para mim, não. Militava, com os jovens lá". Ele disse que nunca foi ouvido pela polícia sobre o caso e que apresentou uma "certidão", expedida pela Delegacia-Geral da Polícia Civil de Roraima, para comprovar "a inexistência de procedimento (inquérito policial, termo circunstanciado de ocorrência, boletim de ocorrência) tramitando ou arquivado em nome" dele. O caso está sob análise em Brasília, não em Roraima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário