Cartaz que estimulava mulheres a tirarem calcinha em show por R$ 100, no PI
Carlos Madeiro*Colaboração para o UOL, em Maceió/Reprodução/Facebook
O Ministério Público Estadual do Piauí solicitou à Polícia Civil do Estado que abra inquérito para investigar a festa intitulada "Pagode da Calcinha", marcada para ocorrer na noite desta quinta-feira (29), em uma casa de shows em Teresina. O cartaz do evento oferece R$ 100 às mulheres que subirem no palco e tirarem a calcinha.
Na página de uma rede social do organizador da festa, o cartaz já foi removido, e o nome da festa, alterado para "Grave da Chica", referência a uma das bandas do evento, Chica Égua. Segundo o organizador, um ataque hacker alterou o anúncio publicado nas redes sociais.
A festa ganhou repercussão após receber críticas e compartilhamentos nas redes sociais. Após denúncia, as promotorias do Núcleo de Defesa da Mulher Vítima de Violência solicitaram abertura de inquérito para investigação policial.
O caso está na Delegacia da Mulher Norte de Teresina. O organizador da festa prestou depoimento pela manhã.
Em nota, a promotora Maria do Amparo de Sousa Paz, que coordena o núcleo do MP, manifestou "profundo repúdio" à festa que iria colocar "a mulher como mero objeto sexual, uma concepção formulada por uma sociedade que permanece estruturalmente machista".
"Tal festa está na contramão de todas as estratégias de prevenção à violência contra a mulher, pois reforça o sexismo e o machismo exacerbado existentes na sociedade brasileira, que ainda preserva características patriarcais", disse.
Para a promotora, esse tipo de manifestação tenta "legitimar, naturalizar ou justificar" a violência de gênero. "Assim, incitar a 'coisificação' da mulher é um desrespeito incalculável e transmite a toda a sociedade que a mulher não é sujeito de direitos, mas sim um objeto que existe para satisfazer as vontades masculinas", pontuou.
A promotora afirmou que ter sido a primeira vez que teve informações a respeito de uma festa nesses moldes e que nunca houve denúncia similar. Ela lembrou que, em 2012, a banda Chica Égua se envolveu em outra polêmica: uma coreografia de uma de suas músicas simulava a prática de sexo oral.
O UOL tentou contato com os organizadores da festa por meio do telefone informado no cartaz, mas não obteve resposta. Em entrevista à "TV Cidade Verde", o responsável pela festa, Jorge Cruz Júnior, afirmou, após procurar a polícia para esclarecer o caso, que foi vítima de uma armação.
"Eu tenho certeza que foi [hackeado] porque já tenho dois anos trabalhando nessa área e nunca foi criada uma coisa desse tipo. Por que agora seria? Nosso intuito é trabalhar com decência, levando nossa mensagem, que é a swingueira para todo mundo", afirmou.
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