Domingo, 30 Agosto 2015 / Escrito por Roberto Thomé
Foi dramática a derrota do Vasco no Maracanã, a décima quarta no campeonato. E teve requintes de crueldade. Eram 48 minutos do segundo tempo, salvando-se do jeito que dava e sob intensa pressão, com defesas do bom goleiro Alex Muralha e chutões e cabeçadas dos zagueiros, o Figueirense conseguiu dar o golpe fatal. É sempre, ou quase sempre, assim. Quando de um lado só existe o desespero, o contra ataque se anuncia como possibilidade real. No lance crucial da partida, Marcão recebeu um lindo passe de Clayton e com um leve toque na bola entre as pernas do goleiro Martin Silva afundou o Vasco.
O terceiro rebaixamento em oito anos se encaminha de forma lenta e consistente. Tem uma explicação objetiva. O Vasco simplesmente não possui jogadores capazes de transformar em gols as oportunidades que cria. Foram quatro no jogo e muito claras todas elas. Aí não tem jeito. A tendência num quadro desses é acumular empates e derrotas. Diante de tais precariedades, vitórias são quase impossíveis.
Para aqueles torcedores que se irritam com os atacantes de seus times, quer eles estejam numa zona de conforto ou não, um bom conselho recomenda assistir a um jogo só do Vasco. Um joguinho e nada mais. Experimentem. É consolo na certa. Os atacantes são inofensivos, não têm pontaria, se perdem em lances bizarros.
Restam 17 jogos ao Vasco. Ainda é possível escapar da degola. A matemática permite pensar nisso, surge como última tábua de salvação. Mas as próximas duas rodadas são de assustar: o ascendente Internacional de Argel Fucks em Porto Alegre e o Atlético Mineiro, candidato ao título, no Rio de Janeiro. Nem falo na sequência geral. Como acreditar em vitórias se até agora o Vasco só chegou a três?
O técnico Jorginho se vira nos 30. Promete trabalhar dobrado nos próximos dias para tentar dar uma virada no drama vascaíno. Depois do novo desastre, uma repetição apavorante do que já tinha acontecido no jogo contra o Coritiba, também no Maracanã - pressão, gols perdidos e nos acréscimos a vitória do adversário -, ele relatou um triste episódio familiar que teve final feliz. "Nós não vamos desistir. Eu não vou desistir. Eu tive dois irmãos viciados em drogas e álcool e minha mãe não desistiu deles. Hoje os dois estão libertos. É continuar treinando e trabalhando, ainda acreditamos numa virada".
O esforço de Jorginho é comovente. Lutar contra as evidências, pensar numa reversão radical das tendências, tá certo. Tem que ser assim mesmo. Vamos, pois, acompanhar de perto e conferir se este Vasco terá condições de dar uma reviravolta no roteiro que está sendo escrito. Transformar o que hoje parece um filme de terror em filme de suspense já seria um progresso. http://robertothome.com.br
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