Do Gaudêncio Torquato em suas Porandubas Políticas:
"Zeferino era candidato a deputado pela Bahia. Arrebatado, enérgico, espumando de civismo, discorria sobre o sentido da liberdade. Dizia: 'o povo livre sabe escolher os seus caminhos, seus governantes, eleger os seus deputados'.
Para entusiasmar a multidão, levou um passarinho numa gaiola, que deveria ser solto no clímax do discurso. No clímax, tirou o passarinho da gaiola, e com ele na mão direita, lascou o verbo:
– 'A liberdade é o sonho do homem, o desejo de construir seu espaço, sua vida, com orgulho, sem subserviência, sem opressão; Deus (citar Deus é sempre bom) nos deu a liberdade para fazermos dela o instrumento de nossa dignidade; quero que todos vocês, hoje, aqui e agora, comprometam-se com o ideal do homem livre. Para simbolizar esse compromisso, vamos aplaudir e soltar esse passarinho, que vai ganhar o céu da liberdade'.
Ao abrir a mão, o passarinho estava morto.
A frustração acabou com a euforia; as vaias substituíram os aplausos. Um desastre.
A emoção, quando não controlada, mata a razão."
www.marcoeusebio.com.br / Marco Eusébio
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