Janguiê Diniz – Mestre e Doutor em Direito – Reitor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau – Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional
Em meio a diversos escândalos de corrupção, a população brasileira parece desnorteada em relação às denúncias e às punições que são dirigidas aos políticos envolvidos nos processos. O mais midiático deles, a Operação Lava Jato, da Polícia Federal e do Ministério Público, que investiga um esquema bilionário de corrupção envolvendo contratos da Petrobras com as maiores empreiteiras do país, e que teria desviado recursos para partidos políticos, políticos, operadores e ex-executivos da própria empresa.
Junto com as manchetes de corrupção veiculadas quase que diariamente pela imprensa nacional, começamos a nos questionar o que será do futuro do Brasil. Como o rombo econômico causado pela corrupção será sanado? Além do corte de programas de governo, como Fies, financiamento de imóveis, a população sofrerá com o aumento de impostos?
Em matéria publicada pela agência de notícias Bloomberg, uma das mais conceituadas do mundo, os avanços econômicos atingidos pelo país nas últimas décadas também são colocados como uma “miragem”. Em meio a uma matéria repleta de acusações e teorias sobre a corrupção no Brasil, a reportagem termina falando sobre as medidas tomadas pelo governo para eliminar a corrupção na Petrobras e a nova gestão do presidente da estatal, Aldemir Bendine.
No entanto, talvez mais importante que falar da corrupção na Petrobras, é lembrar que ela não se restringe apenas à Estatal e todos os casos acabam impactando a eficiência da economia, o chamado custo-Brasil, que estaria em R$ 120 bilhões. Somem a isto que os frequentes escândalos complicam ainda mais a situação econômica brasileira, já que a falta de confiança aumenta o risco de investimentos internacionais.
Em 2011, a revista Veja trouxe como matéria de capa o custo da corrupção no Brasil: R$ 82 bilhões por ano – ou 2,3% do PIB na época. Um valor que já nos incluía na lista dos países mais corruptos do mundo. A reportagem incluía também a estimativa de que, em 10 anos, R$ 720 bilhões haviam sido desviados dos cofres públicos. Além disso, revelou-se, ainda, que a Controladoria-Geral da União fez auditorias em 15.000 contratos da União com estados, municípios e ONGs, tendo encontrado irregularidades em 80% deles.
Fazendo um comparativo, para construir um hospital de porte, com equipamentos de ponta, atendendo a cerca de 600 pacientes por dia, são gastos R$ 62 milhões. Ou aproximadamente 8 vezes o que é indicado para investimento em educação para que o Brasil tenha boas escolas na educação básica.
Seria ingenuidade dizer que a corrupção é um fato recente na história do Brasil. Ao contrário, a corrupção é, sim, uma prática histórica e quando há um amplo combate à corrupção, existe um alto potencial de crise. Talvez, seja este o cenário que se modela para 2015, com leve recuperação em 2016 e entre 2017 e 2018 o país volte a crescer.
Infelizmente, os escândalos na política nacional continuam surgindo a uma velocidade preocupante. A cada nova situação, outras se revelam. E o mais preocupante de tudo é que a população brasileira não aprenda a lição mais importante: a justiça deve punir os corruptos, mas o desconhecimento e a ignorância podem fazer com que a transformação que o Brasil está vivendo seja insignificante.
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