Com base no relatório boletim Focus do Banco Central, pode-se prever que a economia do país passa por um processo de arrocho ao mesmo passo que há tendência para elevação da inflação (IPCA). Isso se dá por uma série de eventos ocorridos em anos passados. Após o ano de 2008, com o arrefecimento do mercado externo, o Governo ampliou os gastos públicos para aquecer o mercado interno (segundo o ex ministro Ricupero, só em 2014 a arrecadação elevou-se em 2%, e os gastos em cerca de 12%). Como a produtividade da economia Brasileira está estagnada, a tendência seria uma pressão extra nos preços. Mas o Governo, a fim de evitar que isso acontecesse, manteve preços congelados, deteriorando as contas de algumas empresas acarretando em pressão por reajustes de preços administrados. Este ano, passamos por estes ajustes, e boa parte deles é referente a preços que compõem a cadeia de custo das empresas, como energia elétrica, combustível, etc. Com isso, este aumento se torna em cadeia, uma vez que, corrigindo os custos das empresas, tende-se a ser repassados ao preço. Além disso, o histórico Brasileiro demonstra que responsabilidade fiscal não é nosso forte, fazendo com que, ao menor sinal de irresponsabilidade fiscal, os agentes reajam reajustando seus preços, por precaução. Este fenômeno é popularmente conhecido como memória inflacionária, e exerce uma pressão extra na inflação. Isso explica, em partes, o porque de as previsões de estarem acima da meta este ano e, pelo menos, o próximo, resistindo ao aumento da taxa SELIC. Por- Vinicius Campos - Dennys C. Oliveira / http://alivreiniciativa.blogspot.com.br
A taxa SELIC, usada como mecanismo político, conforme explicado acima, tem sido elevada a fim de conter a inflação e o excesso de liquidez no mercado, além de ser usada para arrecadação pública de recursos através de emissões de títulos com o intuito de gerar reservas para cobrir o déficit primário de 2014, e, também, manter reservas em dólares, na eminência de passar sensação de solidez financeira. Com isso – elevação da taxa de juros – dificulta-se a aquisição de crédito ao consumidor, freando o consumo.
Com a falta de estabilidade política/econômica no Brasil, além de escândalos de corrupção, era previsível que houvesse fuga de dólares, e houve. Somado a isso, a expectativa de aumento da taxa de juro dos EUA fez com que esse fluxo aumentasse. Houve quem esperasse o cambio a R$4,00, aproximadamente, mas a inesperada queda no ritmo de retomada de crescimento da economia norte Americana freou a migração de dólares para o país, uma vez que a expectativa é de uma postergação na liquidez em sua economia, “estabilizando” o cambio na faixa do R$3,20. Ao menos, essa precificação servirá de incentivo às exportações, pois o produto brasileiro estará mais barato ao estrangeiro, o que poderá dar um pouco de fôlego para atingir o superávit na balança comercial, embora seja pouco provável que isso aconteça.
A dívida líquida vem em leve queda a passos curtos, mas nada significativo. Isso se dá devido a medidas fiscais que elevam a arrecadação - por menor que seja. No entanto, podemos atribuir, com maior segurança, que tal fato se deve ao financiamento das reservas cambiais com venda de títulos no exterior (podemos notar que a dívida externa se elevou).
As medidas de reajuste fiscal atacam mais pelo lado do aumento da arrecadação do que queda nos gastos. Aliás, a queda de gastos se deu com, por exemplo, corte de subsídios, corte de pagamento de direitos trabalhistas, e etc. Pouco vimos mudanças no sentido de redução dos gastos do Estado, por si só. Pelo contrário, a pouco, o judiciário reivindicou aumento que podem chegar a 75%, mesmo sabendo que este é um dos setores mais bem pagos da união. Tais elevações nas tributações, impostos e corte de benefícios trarão maior escassez de produto e índices de desemprego, haja vista que a produção esta mais cara, além do mais, com o dólar caro, tornar-se-á mais difícil ao empresário à aquisição de novas tecnologias produtivas.
Outro ponto importante a ser tocado, no que tange ao ajuste fiscal, é que seu intuito é o de evitar downgrades das agências de rating (principalmente), Entretanto, medidas que, inevitavelmente, desestimularão investimentos, podem botar essa meta em risco. (o contingenciamento de gastos veio abaixo do esperado pelo Levy: entre 70 a 90 bi, sendo que o congresso aprovou 69,9 bi). Além disso, o aumento da SELIC encarecerá o custo de rolamento da dívida, dificultando fechar o resultado das contas públicas.
O PIB esta em baixa chegando a -1,24%, isto se dá por conta de todos os fatos citados acima, e com o consumo freado, maior variável do PIB, tende-se a recessão. O resultado para o primeiro trimestre foi de queda de 0,2%, menor queda que o esperado e levando alguns agentes a pensar na hipótese de revisar tal previsão para cima. Porém, é consentido pela maior parte do mercado que a previsão oficial esta bastante conservadora – e isso pode ser evidenciado, se fizermos uma análise histórica entre previsão e realização do PIB - sendo que instituições como Banco Central Ilan Goldfajn, e Bradesco, estimam que haverá retração de 1,5%, e 2%, respectivamente. Estamos passando por um processo de pressão de custos e queda de receitas, o pior cenário possível para empresas, de forma geral. Ironicamente, há algo de bom: o cenário leva a economia de custos, logo, corte no uso de energia e água, o que significa um respiro á crise hidráulica do país.
A produção industrial chega a -2,80%, isto significa que as indústrias estão produzindo menos e tendem a produzir ainda menos ao longo dos anos, devido ao encarecimento produtivo e encarecimento das fontes de crédito, exercendo uma pressão extra à retração do PIB.
Considerações finais
Há uma forte tendência de queda de consumo. Aos Keynesianos, não sobra nem a opção de tentar estimular a economia via aumento de gastos públicos, uma vez que a situação fiscal está deteriorada. Sendo assim, o Brasil precisa, urgentemente, rever o funcionamento de seu Estado pesado, cortando, de fato, na carne. Há quem diga que toda dificuldade tem, por detrás, uma oportunidade, e vejo que nossa situação não é diferente. O Estado precisa demonstrar, mais uma vez, que será responsável e retomar a confiança do investidor, ou seja, trazer para o mercado o investimento privado, demonstrando que, obviamente, tal investimento não será em vão. Como? Retirando ao máximo a volatilidade de mercado, através da redução da influência política na economia. Ao mesmo passo, tal medida reduzirá o aparato público e, também, a redução de custo através de queda na arrecadação (Talvez não tão incisiva em um primeiro momento, mas acelerando a médio/longo prazo).
Enquanto permanecermos na eminência de tentar planejar, atuar e intervir naquilo que é incerto – conjunto de decisões individuais – tenderemos a cometer erros que nos levarão ao colapso de mercado, fazendo com que todos paguem a conta. Por- Vinicius Campos - Dennys C. Oliveira / http://alivreiniciativa.blogspot.com.br
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