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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Google trará para o Brasil programa de incentivo a jovens talentosos

BRUNO FERRARI, DE LONDRES - Epoca
A empresa recebe, incentiva e orienta jovens com boas ideias
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Grupos de empreendedores nas mesas de trabalho coletivas do Campus de Londres. Eles recebem orientação dos funcionários do Google (Foto: Divulgação)

O distrito de Shoreditch, na Zona Norte de Londres, é um museu pós-moderno a céu aberto. Grafites, performances, galerias, restaurantes e pubs dão um ar hipster à região. Antes um antigo bairro industrial tomado por grandes galpões, Shoreditch passou a abrigar artistas, músicos e boêmios nas últimas duas décadas. A partir de 2010, uma nova tribo mudou-se para lá: os empreendedores de tecnologia. Foi o resultado de uma política de incentivo do governo para criar uma versão londrina do Vale do Silício. Há cerca de 1.000 jovens empresas (ou startups) em Shoreditch. Dois anos atrás, eram 300. O bairro também atraiu investidores e grandes empresas de tecnologia.

A três quarteirões da estação Old Street, no coração de Shoreditch, o Google tem um prédio de sete andares com uma infraestrutura dedicada a fomentar o empreendedorismo. O local, chamado de Campus, reúne auditório para apresentações, salas de reuniões e painéis de anúncios – tudo bem ao estilo descolado e colorido dos escritórios do Google. É lá que o Google quer estimular jovens talentos a criar empresas de sucesso. No 1º andar, há um café com mesas de trabalho e Wi-Fi grátis para quem se cadastrar no site. Em outro pavimento, o Google oferece espaço por alguns meses para quem se inscreve previamente e é aprovado. Quem ajuda a fazer a triagem são profissionais de diversas áreas do Google. Eles dedicam 20% de seu tempo para orientar os visitantes do Campus. Os felizardos recebem orientação de tutores do Google. Num outro andar, é possível alugar um espaço de escritório. Paga-se barato (£ 260, cerca de R$ 1.000 por mês) a uma empresa que não repassa esse dinheiro ao Google.
Agora, a experiência virá para o Brasil. Além de Londres, o Google já abriu filiais do Campus em Tel Aviv, em Israel, e em Varsóvia, na Polônia. A quarta será inaugurada até o fim do ano, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Para Alan Leite, presidente da Startup Farm, uma das maiores aceleradoras de jovens empresas da América Latina, o perfil da região, que atrai empreendedores, ajudará a colocar donos de boas ideias e investidores em contato. “Hoje, alguém com uma boa ideia de aplicativo precisa penar para arrumar um bom programador”, diz. “Estruturas assim ajudam a amenizar esse problema.”

Em Londres, funciona. “Posso desenvolver e lançar uma startup para você.” O anúncio, descrito na camiseta vermelha do jovem na foto acima, resume bem o espírito do Campus. Por lá, passam dezenas de pessoas todos os dias – na maioria jovens. “Muitos empreendedores passam boa parte do tempo programando dentro de casa”, afirma o argentino Ezequiel Veras, responsável pela área de investimentos em startups do Google na Europa. “A ideia é que aqui eles possam fazer contatos e encontrar gente capaz de transformar ideias em negócios.”

Numa das mesas do café do Campus londrino, o inglês Alex Hunte, de 29 anos, apresenta a colegas o LyteSpark, um software para videoconferências voltado ao mercado corporativo. Ele ganha elogios de Veras, que dá conselhos sobre como melhorar a experiência de uso do software. Na mesa ao lado, a programadora Amy Scott, acompanhada de sua filha, faz uma demonstração do aplicativo de álbum de fotos para suas companheiras do programa Campus for Mums (Campus para Mães).

O Google não divulga os investimentos na estrutura e também não revela quantas startups e profissionais foram absorvidos de lá. Afirma que o Campus está dentro de sua missão de incentivar o empreendedorismo no mundo. Por isso, diz que não lucra com o negócio do aluguel do espaço. Na prática, é nesse ecossistema diversificado que o Google espera colher frutos, principalmente na área de aplicativos, que garantam a manutenção de sua hegemonia no mercado de smartphones e, futuramente, relógios e óculos inteligentes. No ano passado, o Google pagou US$ 1 bilhão pelo Waze, um navegador de GPS para celular. O Campus parece ser um caminho eficiente para encontrar novos Wazes, em estágio inicial, que custem menos para a empresa. Em breve, será mais uma opção para os jovens talentosos brasileiros.

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