O juiz Marco Aurélio Martins Xavier, titular do Juizado do Torcedor, recebeu e aceitou na quinta-feira a denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Sul contra Patrícia Moreira, Éder Braga, Rodrigo Rychter e Fernando Ascal, torcedores do Grêmio envolvidos no caso de injúria racial contra o goleiro Aranha, do Santos, no duelo entre as duas equipe pela Copa do Brasil, no dia 28 de agosto, em Porto Alegre. O quarteto será julgado, ainda sem data marcada.
Tão logo recebeu a denúncia, o juiz aceitou a medida cautelar indicada pelo MP que pedia a proibição dos torcedores de comparecerem a jogos de futebol. Os torcedores deverão comparecer à 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre uma hora antes e partir apenas uma hora depois dos jogos, independente do mando de campo. O prazo para isso se estende enquanto durar o processo judicial. Um eventual descumprimento irá obrigar os envolvidos a usarem uma tornozeleira eletrônica.
"Somente assim, com apuração e responsabilização, teremos medidas pedagógicas que inibirão os fatos dessa natureza", disse o Magistrado ao site oficial do TJ-RS. "Os acontecimentos revelaram-se atentatórios à honra do ofendido, com requintes de menosprezo racial, o que é inadmissível na realidade contemporânea, afirmou o magistrado. Referiu ainda que as ofensas envolvem uma senda de violência e fanatismo, que permeiam o ambiente dos estádios, fomentando a violência e alimentando essa chaga social que é o preconceito racial", completou.
Lembre como foi o caso
O Santos vencia o Grêmio por 2 a 0, na Arena, em jogo das oitavas de final da Copa do Brasil. Irritados, os torcedores do Grêmio localizados atrás da meta defendida por Aranha, começaram a proferir xingamentos racistas. O jogador avisou o árbitro, o jogo ficou parado por alguns instantes, e o caso tomou maior proporção por conta das imagens de transmissão de TV, que flagraram tais palavras.
Patrícia Moreira, de 23 anos, foi o principal alvo. Apareceu claramente chamando, aos gritos, o camisa 1 do time paulista de 'macaco'. Além dela, outros três torcedores foram identificados pela polícia e indiciados no inquérito entregue ao Ministério Público do Rio Grande do Sul através da Promotoria do Torcedor. Mais quatro torcedores, ainda não identificados, seguem sob investigação policial.
Na quinta-feira, o quinto torcedor foi identificado pela polícia. Lucas Fernandes da Rocha também irá responder pelo crime de injúria racial. A pena prevista é de detenção de um três anos, mas cabe pagamento de fiança.
Por conta dos atos de seus torcedores, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil em primeira instância, no STJD. Entretanto, recorreu da punição e teve pena alterada de exclusão para perda de pontos. Mas na prática acabou tendo o mesmo resultado e como havia perdido o primeiro jogo, sequer houve a realização do segundo e o Santos seguiu na competição.
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